sábado, 26 de abril de 2008

Varre, varre, varre vassourinha......










Varre vassourinha, varre...




Há pouco tempo, há uns 30 dias atrás o Solda instigou a coragem e o espírito de iniciativa de alguns com fotos de toceiras de mato criadas em passeios de ruas da cidade. Deu resultado. No dia seguinte à publicação no seu blog o mato estava deitado. Só deitado. Morto não.


Lembrei-me à ocasião, do mote `` varre vassourinha `` usado por Jânio Quadros quando de sua campanha à Presidência da República.

Jânio prometia um governo popular, democrático e de varrida à corrupção. De cenho austero, Jânio criou manhas e manias na Presidência, como os famosos bilhetinhos aos funcionários e Ministros. Terminou com um mandato de 6 meses após uma renúncia.


O verão moderado que tivemos, meio de chuva, meio de sol, foi o tempero ideal para as toceiras de capim. Vertiginosamente elas cresceram e tomaram conta de toda a cidade, e ainda é possível encontrá-las por aí. Definitivamente não é esse o nosso cartão-postal.


Outra cena sorumbática que já vai invadindo o frio deste outono são as ruas sujas. Nunca vi tanta sujeira. Ruas empoeiradas, amarronzadas, cor de terra. Tudo num aspecto deprimente e triste e que nos faz todos desanimados. Nossa cidade está feia.


Outra poeira invasiva, de cor indefinida, desprezível também, é a dos áulicos que invadiram como toceiras a Prefeitura. O Prefeito, dizem, resmunga pelos cantos que não os suporta . Mas tem de agüentar. Ele aceitou essa situação e tem de agüentar.

Como não manobrou nem mesmo a formação de uma equipe de governo, prerrogativa que ninguém lhe tira, o que dizer da pusilanimidade que impera nesse parecido final de feira...


Como as vassouras sumiram das ruas e das escadas do pequeno palácio, há de se imaginar o trabalho do prefeito de 2009.

Nas ruas terá de juntar às vassouras, pás raspadeiras para retirar o acúmulo de terra no vão da rua que chega aos passeios. Com a turma do holerite, com os sanguessugas, imagine...


Mesmo sabendo que o que falta é mobilização e mando, e que as ruas estão sujas não por falta de vassouras, sou terminantemente favorável à terceirização desse serviço. Aliás, iluminação, lixo, limpeza de ruas e passeios deveriam ser colocados em definitivo na mão do setor privado. Porque tudo que o setor privado faz o faz com competência, poderíamos estar nos preocupando com outras coisas que não as vassourinhas. Com florestas, por exemplo. Com educação de trânsito, por exemplo. Com nascentes de rios, por exemplo.


Ao contrário de Jânio que renunciou e aposentou sua vassourinha, nosso pessoal aposenta a vassoura, mas está firme na paçoca.


E a paçoca é doce.






Teobaldo Mesquita

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teobaldomesquita@uol.com.br




sexta-feira, 25 de abril de 2008

Para o Depois.











Para o depois.



Decantei o óbvio,
veja só...,
que dó,
que nó.
Para ver,
ainda viver,
para ter em que crer.

Não sustento loucuras, mais.
Soçobrei a alma,
decantada alma,
pura que foi,
de sonhos, depois.

Depois do ontem,
que éra-me,
que amparava-me,
que preparava-me,
para os dias,
para o depois.
E assim foi...

Depois veio o depois,
pois, pois...
Vida retilínea,
chata,
linear.
Na boca, ataduras,
caminho para a loucura,
já não é mais pura,
perdeu-se a doçura,
a candura,
o sonho já é enfadonho.

Para ver e para crer,
que depois veio o relogio,
marcando o ódio,
de lá para cá,
daqui para lá,
contando os dias,
matando as noites,
que ainda são açoites,
agora doces...
veja só...

Doces ?
Pois sim...
Que parece tudo entre-amargo,
de verdade, sem gosto.
Assim é depois.
Assim viver,... é demais
ou,
de menos.
É ópio,
é veneno,
é contra-veneno,
é preciso o ópio.
Por isso o ódio,
de viver o óbvio.



Teobaldo Mesquita

segunda-feira, 14 de abril de 2008

O Sol da Lua.

O Sol da Lua.


Cheguei de ``Marrecas `` há pouco. De `` Marrecas `` , aliás, falei por telefone com o Solda. Ele adiantou que teríamos novidades. Não acredito que o Solda esteja falando do que acabei de ver na minha mesa. Um envelope. Misterioso envelope. Já, já falo disso.


Em `` Marrecas `` , Pinhão e Chopinzinho vi que seus prefeitos estão mantendo o que vejo já há bom tempo por lá. Cidades limpas e agradáveis. Cidades limpas, mesmo. Me admira em terra de descendentes de italianos tão pouco seja a opção de vinhos engarrafados. É que eles recebem na porta de casa o vinho do colono, da uva bordô, de qualidade apenas aceitável. Apenas aceitável. Bom para o dia-a-dia. Acabei por comprar, mesmo relutante, um representante desconhecido da serra gaúcha. O Mioranza. Já ouviram falar ? Por ser um merlot vai deitar na madeira e dormir muito tempo.


Em noites compridas desse início de outono, mas com calor escaldante, exauri-me em Dostoievski, especialmente em `` O Sonho do Tio `` . Parece que Fédor me arrasou, especialmente na quinta-feira, quando já deixei de meditar nas idéias que o Solda me encomendou. Vejam como ele é louco. Não o Dostoievski. O Solda.


Curioso que, voltando às coisas da aldeia, lembro que quando está o nosso grupo reunido, alguns de nós cai constantemente no erro de chamar nossos adversários políticos de oposição. Está errado, claro. Nós é que somos oposição de uma situação. Ou está tudo trocado ? Será ?


O Solda me advertiu genericamente, e seu discurso foi uníssono com os demais, e isso em várias ocasiões, que a turma de lá, para a qual ainda encontrarei um nome, desgastada como está, incorrerá em manobras, em diversionismos e em falsetes. Está corretíssimo. É o que lhes coube de sobra de tudo.


Querem ver bem ?


Postaram para mim, em meu endereço, um envelope escrito com a velha máquina de escrever ( como essa gente é antiga e antiquada ) e contendo um bilhete em papel decalque, com a inscrição, O Sol da prosperidade em eclipse total. Como os dois sufixos, sol e da não estão juntos nem unidos por hífen /-/ , deduz-se que quebraram a cabeça para elaborar um eufemismo ``parabolesco`` para impressionar as pessoas. A mim, lógico, não.

Senti-me lisonjeado com a correspondência. Lembrei-me de meus tempos juvenis, tempo das missivas cor-de-rosa e perfumadas. Fazia tempo que o carteiro não me trazia um envelope.


Como qualificar essa gente ?

Pífios, pequenos, mordazes, covardes, ignorantes, trocistas, estúpidos e atirados. Mais ?


Claro que desconfio que o fantasminha a quem dava por morto, pode sim ter passado por uma metamorfose. E como dizem que fantasma não morre, a metamorfose faz sentido sim. Aí dá medo.


A psicologia de botequim diz que escondemos nas palavras nossos mais acalentados sonhos sexuais. Poxa, será que o fantasma esteve apaixonado por mim ? Meu Deus, o que diriam...


Então, pansexualmente, quem está para o sol ? Quem se fixa no sol, quem procura o sol, quem quer magoá-lo, quem quer despertá-lo, quem quer se relacionar – mesmo que não sexualmente – com o sol ?

Em que ponto se fixam, agora, por exemplo, o contraste do sol, a lua, e o fantasma metamorfósico ?

Não estou decerto na pista certa ?

Ou então, deixaria eu de me lembrar do fantasminha ?

Porque também não sendo o fantasminha, que diferença faria se o fosse o Brava Gente, ou o Samurai do Reino...


A verdade é que bem cabe dizer que nesse complexo, é a lua manifesta em suas fraquezas para com o sol.

Outra da psicologia de botequim. Costumamos buscar na fortaleza dos outros aquilo que nos falta, que nos põe menores em nossa debilidade, quando já perdemos o norte das coisas e tudo acaba por estar-nos nublado. É natural isso.


Repito constrangedoramente, de novo, que esse grupo de pessoas está desarticulado. Do pequeno palácio, já saiu na semana passada que o mor `` atirou a toalha ``. Mas o mor ainda fica encantado com as peraltices dos rasputins do brejo, com as raposinhas manhosas. Então já não sei mais nada. O que tenho líquido para mim é que ele, o mor, não aprova essas rasteirices, essa baixaria, esse avilte desqualificado. Recuso-me a acreditar que deixe passar os áulicos cheios de ódio, os iracundos, estes.

Mas, eles estão aí. Postando cartas anônimas, agora. Cartas sem remetente e postadas na agencia de correios de Rebouças. A minha, o envelope que me chegou, acabei de jogá-lo num saco plástico porque o departamento que investiga a questão dos blogs apócrifos pode se interessar pelas impressões digitais.


O Solda realmente se sai bem. Não contentes com o atual prefeito, até mesmo seus contrários políticos o elogiam. Reconhecem a prosperidade passada que entrou em eclipse – e, não é parcial, é total – no tempo de agora. O fôra inconteste no período soldista. A prosperidade.


Pois bem. No crepúsculo dessa minha despretenciosa crônica reina a serenidade diante de um misterioso envelope. Como dizia anteriormente – e, já me adiantando - , os namorados elegem constantemente o sol e a lua para os proteger na sua sina de amor. E o eclipse, nada mais é que uma cena de ciúmes da lua para com o sol. Pois o eclipse nada mais é que a lua se intrometendo em nossa visão de um sol.


O que diria o Sol nesse caso ?


- Lua, lua minha. Não te aborreças com ciúmes. Saia de minha frente para que eu contemple a terra. Esse teu sentimento me põe triste e desanimado. Deixa que eu reine para os moradores daquele nobre planeta.


A luinha, a púbere luinha envolta em franjas virginais, não mais se contém e desanda no choro mais condoído que o sistema planetário já viu.

-Viu só o que fizeste, malvado sol ? Alguns de lá, dessa terra, que me galanteavam para te provocar, estão agora mortos, diz a lua.


-Não te faças rogada, minha luinha. Deixa-te disso. Tu és minha, e o que já morreu, morreu.


- Assim pois, que descansem em paz, e Amém !






Teobaldo Mesquita

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sábado, 5 de abril de 2008

Adeus, fantasminha.

Adeus, fantasminha.


O fantasminha morreu. O fantasminha correu .
Eu que adorava aquele blog cheio de originalidade, de ataques apaixonados aos chupins do Solda, fiquei órfão.
Não façam isso comigo. Voltem, por favor. Assim vocês acabam com minha munição de palavras.

Deve haver um motivo para que o fantasminha desaparecesse. Eu suspeito de um. Não que lhe preocupe a investigação policial, não. Penso que não seja isso. Acho sim que o fantasminha quer mudar de vida. Ele, um usurpador de verdade, não sei até quando vai agir como antes em volta do ninho do qual sugou o que pôde.

E agora ? Qual seria a estratégia ?
O ninho, pobre como está e feito um balaio de gatos, pode já não mais servir. Então, recuar. Então estrategizar. Então, voltar ao passado, agir não mais como difamador dos pobres pássaros do Solda, e sim, como angariador de apoios.

Mais uma patacoada, mais uma fora, mais uma carta do castelo que rui.

Depois de escaldar seu ódio, que para mim é muito mais inveja do que ódio, pôs-se de vez no anonimato. O fantasminha não me preocupa, não me incomoda. Ao contrário, vinha me dando oportunidades, me inspirando nos momentos mais alheados de mim. Usando uma linguagem neo-análoga, que precisamos catalogar na Academia Brasileira de Letras, ele desferiu seus golpes contra todos os seguidores do Solda, comparando-os com pássaros, que por sua vez, como nós humanos, parecem padecer de defeitos, anomalias e curiosidades exóticas.

A mim escolheu a estapafúrdia e pouco original comparação com o chupim, que também pode ser chamado de chopim. Não me é vergonha nunca dizer que no imaginário popular essa comparação equivale a viver às custas de uma mulher. No senso comum do popular, ainda, o chupim é rótulo de quem vive às custas de uma professora. O dito é muito usado no interior do Brasil, especialmente no Rio Grande do Sul.

O fantasminha.... - puxa, que vontade de dizer seu nome- é um caipira criado à margem completa e excluída da modernidade. É agitado como um cão sarnento, trocista e vil como um aristocrata desocupado. Parece não lhe interessar o tempo de hoje, parece desavezado às letras, porque minhas suspeitas são graves de que seu blog vinha sendo escrito por uma terceira pessoa. Sorri frivolamente, e no entanto afasta de si os equilibrados e sensatos. É um anti-cristo da política, um Fernandinho Collor na versão mais reles e atrasada, um Lula mais arrumado na feição.

Minhas contas, meus dinheiros, não interessam a ninguém. Se meu acerto é com a Receita Federal, com o Imposto de Renda, ele não pode supor, tampouco aludir, comparar, insinuar. Comparando trabalho por trabalho, ganho mais que ele, certamente. E devo menos que ele, com mais certeza ainda. Me acho um homem moderno, sou um judeu despojado e coleciono vinhos, livros e palavras. O dinheiro para mim é apenas meio de subsistência. O que me move são as aspirações da alma.

Não deveria, mas direi publicamente e ao fantasminha também, que sempre fui péssimo em matemática. Não sei contar. Sou como os índios que contam até 2. Paradoxalmente durante 14 anos de minha vida contei dinheiro para os outros, sempre com uma máquina ao meu lado. É que fiquei conhecido e fui agraciado pelas gentilezas e pela educação que ganhei de meus pais e de minhas escolas e que externei de coração disciplinado por sugestão e regra de meus patrões. Conquistei tanta gente, que não vejo risco em dizer que meus admiradores são 100 vezes mais em número que os supostos amigos do fantasma. A diferença de nossos admiradores é que a maioria dos meus está no cemitério e a dos seus pelas ruas. E como dizia meu avô, os piás e os cachorros vivem nas ruas.

Minha esposa passa cheques, conduz negociações, sugere aos obradores e decide muitas coisas. Inclusive as coisas do supermercado. Óleo, farinha, carne, massa de tomate, essas coisas. Eu, entro com o tempero. Eu, entro com o equilíbrio. Uma porção de meu dinheiro entrego a ela. Não interessa quanto.
A danada deve ser uma judia da `` bota do Mediterrâneo ``. `` Una moglie finanziere `` . `` Una donna destro `` .

-Sei que isso fere sua inveja, fantasma.

Em livros, meu caro ser quimérico, invisto 300 reais mensais para os meus filhos. Mas o dinheiro não é tudo. O que mais dou a eles é a oportunidade de conversar e discutir. Dou tudo de mim, inclusive o por quê de minhas inabilidades, defeitos e poucas-vergonhas. Por isso sou moderno. Não planto frivolidades nem futilidades em seus corações. Por isso, logo vê que são simples, humildes mas peculiares no caráter.
-De quanto é o seu investimento mensal em literatura para as crianças de Rio Azul ?

Voltando à minha `` donna `` , à minha ``ragazza matrigna`` ela devota-se-me com respeito e dedicação. E ainda ganho presentes caros 4 vezes por ano. Dever-lhe-ei consideração até os últimos dias de minha vida. Como profissional é inatacável e elogiadíssima. Por isso, admirada. Orgulha-me muito.

Mais um golpe na inveja do fantasma.

Outra preocupação desse ser simulacro é minha amizade de longa data com o Solda. Além de editar o seu diário cibernético, emito opiniões que são ouvidas, dou conselhos que é o melhor presente que um amigo pode dar ao outro. Temos uma relação aberta e progressista.
E ainda rimos das evoluções desastradas do fantasma e sua turma.

Minha aproximação `` tet à tet `` com o Solda já fez aniversário de mais de um ano, mas o primeiro voto que lhe dei sem conhecê-lo bem, foi lá no final da década de 80. Tenho dedicado boas horas à nossa empreitada e nunca lhe tirei um centavo. Ao contrário, arco com despesas de jantares, mimos, papelarias , despesas telefônicas e de combustível.
Se estou plantando ?
Não. Estou cultivando e expondo minhas idéias.
Tudo o mais, corre por conta dele.

-Pare com essa inveja, fantasma.

Além de sua preocupação com minhas relações intra-maritais e financeiras, o ser do outro mundo vê-me num hedonismo que o irrita. Vê-me por aqui quando não viajo e planta idéias em seu coração de que sou um doidivanas alegre, um bom vivant desclassificado que vagabundeia as horas. Não sabe ele das minhas ocupações nem das minhas preocupações. Quanto mais não as valoriza. Porque não sabe de que se trata, e jamais entenderá, porque fantasma não pensa. Fantasma é como uma folha ao vento. De lá para cá, de cá para lá. Leva mau agouro e traz voz surda nas madrugadas de churrasco e pescarias.

Estou tão empolgado e excitado que quero esclarecer ao fantasma sobre minhas atividades extra-contratuais. Passo horas olhando minha pequena coleção de vinhos. Quanto mais os olho mais nectarosos ficarão. E procuro não fazer barulho, eles são sensibilíssimos. Troco de lugar na casa e leio 30, 40 páginas de Dostoievski, Diogo Mainardi, Goethe, Euclides da Cunha, Érico Veríssimo e Flaubert. Amanheço e anoiteço na internet com pesquisas fúteis e agradáveis e buscando informações que me dêem um título de sabedoria e conhecimento. Nunca demonstro isso porque não vivo de aparências. Já chega a um milhar de páginas escritas de poesias, crônicas, ensaios e postagens. Faço dois giros pela cidade. Um pela manhã e outro à tarde. Costumo em alguns períodos de 10, 20 dias, praticar meditação, no que chamo de auto-salvação e salvação da humanidade.

Veja que minha pretensão ajuda até ao fantasma.

Se sobra tempo ?
Claro. É quando confiro os extratos bancários, acompanho cotações de algumas ações, repeso algumas barras de ouro e tiro o pó das escrituras bem guardadas. Essa é a parte chata do dia.

-Que boa que é a minha vida, fantasma.

Como também sou um bruxo adivinhão, um Rasputin envidraçado-fumê, estou prevendo que a mudança de vida do fantasminha leva a algum lugar. Não sei por quê acho que ele prepara sua candidatura para alguma coisa.

-Sentiremos sua falta, fantasma.

-Seu fujão.





Teobaldo Mesquita
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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Posturas intelectuais.












Posturas intelectuais



O versar de uma crônica não é informativo, não é jornalístico. É uma idéia pontual do escritor, narrada na 1ª. pessoa – o que dizem, é piegas – e que pode conter ficções e críticas. É um diário opiniático. Somente um conjunto de crônicas revisadas é que pode se transformar num livro.

É difícil, por exemplo, imaginar se conduzir um romance, uma história, toda escrita na 1ª. pessoa.

É desconfortável para quem está acostumado com historietas ler uma crônica. São frases emendadas em frases. Nada de parágrafos, quase nada de prosa. No entanto, é um estilo apreciável e cômodo para quem tem opinião e sabe lidar com sátiras e ironias.


Veja como lendo o que escrevi se pode abstrair um conceito tanto de postura como de impostura intelectual. Tirando os erros gramaticais, ninguém, quase ninguém está autorizado à crítica de uma crônica.


É tão diferente de uma poesia, onde se pode, por exemplo, começar nos mais variados tempos de conjugação, somando-se tudo à elementos, os mais variados.

Veja.




Vertem tantas coisas,

de tuas pedras,

de tuas paredes,

de tuas ruinhas,

agora grandes,

imponentes algumas,

alegria, nenhuma.




Ando ardiloso nesses dias, apto para Voltaire, aptíssimo para Mainardi, desejando mastigar Nelson Rodrigues.

Quero nestas poucas linhas desculpar-me com quem as lê pelos erros que tenho procurado corrigir. Hoje mesmo redesenhei a crônica entitulada

`` Hoje eu vou blogar `` .


São os eufemismos e pleonasmos, necessários às vezes, que sustentam uma idéia de escrever.

Comecei um ensaio propriamente dito de uma fantasia de romance onde o protagonista narra suas venturas em cartas dirigidas a outras pessoas. É um outro estilo que aprecio.


Vejam quantas imposturas.


Caí em desgraça de concordância ? Não. O estilo da crônica permite essas variações, preservado o império do início da mesma. Sou eu mesmo quem está aqui. Sou eu mesmo quem escreve. Isso é o que importa numa crônica.


Pareceu redundante o que falei ?

Se o foi, leitor, seu faro de sutileza é um zelo exagerado. Não ligue para as sutis redundâncias. Duro é agüentar as escandalosas.

Quer um exemplo ?


Passe em frente à nova Câmara de Vereadores de Rio Azul e veja o que está escrito lá na parede.

Câmara Municipal de Rio Azul.

E não seria de Rio Azul por acaso ?


Não bastasse terem deixado cobrir aquele chapéuzinho no topo do prédio com eternit, ainda me fazem uma dessas. Com uma fachada tão bonita, não podiam permitir uma jequice tamanha no acabamento do prédio.


Lembre-se sempre. A Câmara Municipal de Rio Azul é de Rio Azul, fica em Rio Azul.






Teobaldo Mesquita

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