segunda-feira, 9 de junho de 2008

Amor inexausto.

Amor inexausto.



( ... )

Não é difícil,

embora muito...

Difícil, se incipiente,

fácil, se pendente,

pendendo...


É circunscrito,

é decidido,

é tesura,

é sentimento...

Enervado,

elevado...,

de sentir, mesmo.

Não se explica,

é difícil.


Amor é indefinição,

aceitação,

é o lúdico da alma,

é exagero do coração.

É água parada,

que desce dum penhasco,

turbilhando tudo,

quebrando nada.


Amor é um pontinho aqui,

por aqui fez ninho.

Dói às vezes,

é egoísta,

por isso, altruísta.

Amor é um pontinho aqui,

um pontinho lá...


O Amor dá o egoísmo ao diabo,

de Deus suga o orgasmo,

orgasmo da pureza...

São de altezas,

almas que se amam,

que se doam,

mesmo sem quererem,

por tudo poderem...,

quando tudo podem.

E podem...


São de sons,

os amores.

Tênues,

nos pelos de teu rosto,

amor...

na pontinha da orelha,

amor...

Para tudo aponta,

assim, assim...,

É o céu,

tudo arredonda,

tudo arredondado,

tudo rumo ao céu...


É uma nuvem,

uma catarata,

uma crendice,

uma babaquice,

qualquer coisa séria,

nada séria,

séria, porém,

também...


É um cataclisma,

é cisma,

de só querer.

Muito. Só.


Veja,

não vês nada ?

é isso tudo...


Fusão de almas,

infusão de calores,

abraços,

corações.

Abraços inexistentes,

por isso, insistentes,

nuns tempos..., insistentes,

e, ficam para sempre...


Olha a janela,

espreita...,

Amor é porta estreita,

larga, farta...

Entra..., agora...,

para dentro de ti,

vês ?

Que tudo inexplicável...

vê quanta variável... ( ? )


Nada é meu,

tudo é teu.

Convexos paradoxos,

inentendíveis ,

é assim o amor,

não sei explicar...


Amor é sexta-feira,

é sábado,

depois de sábado é amor.


Amor não tem saudades,

amor morre de saudades.

Saudades verbais,

imorais,

feitas no portão,

de amor,

de tesão.

Inesquecíveis saudades...


Amor não mede esforço,

e,

não faz esforço.

É porque é.

Grácil,

fácil,

indelével,

depois do Alfa,

e,

antes do Ômega.

Infinito,

inatingível,

por tanto disso,

é louco,

estranho,

bom.

É assim o amor,

não sei explicar.



Teobaldo Mesquita.



sexta-feira, 6 de junho de 2008

Eu sou exclusivo.

Eu sou exclusivo.




Sempre me achei exclusivo. Exclusivo para mim mesmo, exclusivo para o que recebo, exclusivo para o que produzo. Minhas namoradas e amantes eram exclusivas, meu talão de cheques era exclusivo e eu tinha um amor exclusivo, também. Tudo em mim é exclusivo, incluso implicitamente, exclusive a galhofa e a vulgaridade. Em parte, lógico.

Por isso sou eu mesmo, por isso não concordo com todo mundo, por isso tenho minhas idéias e por isso me viro nas horas difíceis. Se Deus existe, ele me deu exclusividade em quase tudo, inclusive quando me faz sui generis em situações delicadas.


Porque sou exclusivo muita gente não me gosta, muita gente se afasta de mim, muitas pessoas me desviam, como o diabo desvia da cruz. Eu rio sem parar, dou de ombros e me acho nessas horas mais exclusivo ainda. Se eu for parar no inferno depois de minha morte terei uma exclusividade por lá. Não tenho dúvidas disso. No céu, então, muita exclusividade e muita mordomia.

O problema é que a exclusividade nas coisas da vida causa muita inveja. Inveja e mau-olhado. Mesmo judeu, não acredito em mau-olhado.


Há 44 anos sou exclusivo de meus pais, sou o queridinho da mulher, sou o amado dos filhos e tem gente que me adora. Criei uma marca – talento também se forja –, e em muitos tempos tive a minha patota. Até hoje ainda tenho. Mas corro sério risco de perder uma boa parte deles. Não perderei, porém, a exclusividade.


Quando chego a esse ponto é porque o veneno já me desce pelas beiradas da boca. Ando babando veneno. Ando seco e ardiloso, ando querendo muito ser mais exclusivo ainda. Minha tática nunca falhou, por isso tenho certo que serei o preferido de alguém.


Na vida estou sabendo esperar por tudo. Não sou um insolente que deixa ao léu o dia de amanha. Programo todas as minhas maldades e caridades, cronológica e cirurgicamente. Não que eu seja detestável, não. Aqui, lógico, estou falando comigo mesmo....Sempre me achei no dever e manifesto nas penas minha sina de salvar o mundo. Duvido que aja alguém como eu. Daí a exclusividade. Até nisso.


Algumas retratações que achava certo exigir já não se fazem necessárias, e assim sorvo dia-a-dia, com a alma principalmente, o enredo dantesco que se desenrola à minha frente. Rio mais ainda. Disse dantesco porque foi o único termo que encontrei. Aqui não vai nada de pejorativo.

Dante é Dante. Eu sou eu, e os outros são os outros.

Tudo isso é uma explosão de vaidade pessoal, meu lado exclusivista.


O ineditismo que pode transparecer daquilo que escrevo vem de muito tempo comigo. Só eu sei. Pouco(a)s partilharam. Minimamente alguém poderia suspeitar. Para a ralé da intelectualidade eu só quero afirmar que sou eu mesmo, aquele pacato cidadão ensimesmado e orgulhoso.


Agora na política partidária, então, puxa..., quanta munição trocada. Vem chumbo e vai chumbo. O que mais gosto, porém, é fazer análises. O Solda que conheço há quase 30 anos é mais inteligente do que imaginava, ninguém bate ele no momento. Alguns ultrapassados, ultrapassados mesmo, não sei de onde surgem, se após beber alguma poção inebriante ou após acordar de um sonho pueril se arvoram em ganhar créditos vencidos há muito tempo. Como tem gente corajosa na política.


Sem esquecer da minha exclusividade em tudo, ganhei exclusividade em muitos aspectos. Talvez um dia seja o Rasputin, o líder espiritual, o mago do pequeno palácio ?

Ainda procuro alguma ocupação exótica, ou digamos, surreal, de onde eu me possa ver a mim mesmo. Minha exclusividade, meu ``eu`` cheio de si mesmo quer ser um Fomá Fomitsh, um Golbery do Couto e Silva. Ou um misto dos dois.

Não sei como começou a vida pública de Golbery, mas de Fomá já tenho em mim e para mim algo bem verossímil. Um servo bôbo. Depois vem o melhor. Sempre depois vem o bom da coisa.


Por enquanto coleciono antipatias, o que não deixa de ser uma exclusividade. Eu adoro isso. Quer se alistar ?


E não arrasto ninguém para minhas idéias. Isso pode me tirar o pleito de ser sempre exclusivo. Concorde comigo, no máximo, e paramos aqui. Faça o contraponto e a guerra estará formada. Nas penas, até hoje nunca encontrei opositor. Ao menos por aqui. Mas eles existem. Pelos cantos.


Eu e mais eu reinamos absolutos.

Viva a exclusividade.


Obrigado.






Teobaldo Mesquita

quinta-feira, 5 de junho de 2008

O laicismo somente....

Faz mais de um século que o Estado Brasileiro separou-se da Eclésia, com quem não deixou de se relacionar promiscuamente à época do Império. A Velha República, no entanto, e até o período dos generais não foi por assim dizer um estado laico. Somente com a generosa e perniciosa Constituição de 1988, que quase ninguém conhece e que é um elemento ainda jurídico, o Brasil deixou de privilegiar uma religião em detrimento de outras crenças. Em suma, até bem pouco tempo ainda estávamos debaixo da barra da saia do bispo.


Portugal, a pátria-mãe, não esgueirou-se nem se privou da onda inquisitorial, que era uma troca de favores e de poderes. Após o batismo em massa ocorrido em terras portuguesas, o ``Santo Ofício`` esteve diversas vezes no Brasil na sua caça às bruxas. E perseguiu gente, e matou gente, foi gente ao calabouço.


Nós, que estamos em 2008, em pleno século 21, ainda vemos a ira fanática de muçulmanos contra os males do Ocidente. Se a ignorância é deles, não deve ser nosso o desrespeito para com eles, com seu Maomé e seu Deus, que, ecumenicamente é o mesmo comungado por cristãos, judeus e muçulmanos.


Quando da morte de João Paulo II, criou-se uma acalorada discussão no país mais secular do mundo, berço do pensamento moderno e guardião das liberdades do homem. A França. Pois naquele episódio o que se repeliu ferozmente foram os atos de decretação de luto oficial pela morte de um líder religioso em desrespeito a todos os outros. Lógico, não era um desrespeito pretencioso. Ao contrário, o governo francês justificou-se de que a norma era para com o Chefe de Estado do Vaticano.


É essa a leitura secular. Na essência, judeus, cristãos, muçulmanos, hindus, budistas, espíritas e de outras crenças são exatamente iguais perante o Estado, seja para cumprir seus deveres, seja para reclamar seus direitos.


Então, e assim, quantas teses aportarão ao STF, aqui no Brasil, para barrar a decisão do colegiado de liberar as pesquisas com células tronco ? Quantos enunciados virão por defender a vida já concebida e que morre com a retirada dessas células ? Não sei, mas certo que muitas haverá.


Os analistas jurídicos – e ainda não ouvi nenhum jurista renomado - , afirmam que a decisão, embora controversa, foi de caráter eminentemente legislatório, acima de paixões e crenças, em que pese ressalvas de alguns Ministros de profissão católica. Duvido, assim mesmo, que nos bastidores da histórica decisão não tenha havido controvérsias. O que se pôs em frente à partir da decisão – é o que dizem esses analistas que referi – é o estágio da intromissão do Estado na vida individual. Embrião, feto, nascituro, criança, adulto. Garanta-se o direito à vida a todos os estágios, menos ao embrião, é o que se proclamou.


Como a própria ciência não afirma que tipo de vida há no embrião, embora e em tese afirme que há, a decisão foi pilatiana. Nenhum arranhão em Pilatos, nenhum arranhão nos Ministros do STF.


E se lavaram as mãos, impressão que ficou, o Estado laico lhes permitiu esse custo brando e leve, essa prerrogativa livre de amarras.


Se alguém vai jogar no fogo do inferno a decisão irrecorrível são as religiões e as igrejas.


Como não tenho condições de opinar, pergunto.

Eles vão para o inferno ou não vão ?








Teobaldo Mesquita

teobaldomesquita@uol.com.br

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Por que não ?


Por quê não ???




Cantei uma canção,
claro, éra no coração,
bem baixinho,
quase caladinho.

Éra-me paraíso,
tudo,
as coisas, os monumentos,
já não mais fragmentos.

Sólidos mundos,
pais e filhos,
países e continentes,
em frente,
éra Paz, Amor, mormente.

Judeus e prosélitos,
ricos e pobres,
num abraço nobre.

Reis e séquitos,
pobres e ricos,
John`s e Fredericos
pombas e periquitos,
num riso só,
num quebra-costelas sem dó.

Claro, éra no coração,
bem baixinho,
quase caladinho.





Autoria: Teobaldo Mesquita

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Asséptico.


Asséptico.




Estou longe de meus amigos.
Amigos novos que fiz,
nesses tempos novos,
agora velhos,
passados, inexistentes...

Bons amigos,
gente estranha,
alegre,
que me agrada.
Falsidades,
destarte, alegria...


Entrei no casulo,
fechei-me.
Clausuras...
Vejo-me patético,
estou asséptico.

Não sinto nada,
nem dôr,
nem fragor,
nada de ânimo.
Algo novo vem aí,
mas,
sinto-me afastado,
daquele ar eclético,
da heresia da eclesia,
da eclesia do meu cosmo.
Por isso estou patético,
por isso estou asséptico.



( Fuga do ``Eu`` ...acontecimentos de 2006 )





Teobaldo Mesquita