domingo, 3 de janeiro de 2010

A profilaxia da Globo.

A profilaxia da Globo


Passado um grande tempo em que me excitava com os ataques de Leonel Brizola à Globo, e mais recentemente ao legiferante Bob Jefferson, homem de microfone e de bílis bem controlada, passei a analisar a Tv do Brasil – e, aqui falo como se essa fosse a Tv do Brasil - , com olhos e ouvidos de quem se passa por um antropólogo e um sociólogo. Veja lá a pretensão.


Que há com a bílis de Bob....Ele lá tem bílis....É um garganta dos bons que proferiu no púlpito da Câmara um dos discursos mais esfuziantes e tensos do século atual, para que fiquemos no menos. Meu Brasil, o meu....detesta Zé do Sarney, mas passa inevitavelmente por Bob e Colllor. Fui às lágrimas com os verbos de Bob, que falou e esbaldou-se como quem estivesse frente a um tribunal de exceção. Nada se compara àquilo. Foi o máximo, o drop da política malandra. O cara merece muito. Jamais a Presidência. A Presidência é bobagem. Merecia coisa melhor. Isso que é um Rufião de verdade.


Eu não vejo televisão. Detesto essa máquina, obsoleta, nojenta, e que me subestima ao nível máximo abaixo do solo. É indescritível para mim o nojo e a repulsa que tenho da televisão e de sua pouca inteligência.


Eu rio às pampas quando vejo a Globo na Record. Incrível como se copia uma merda e se enlata a mesma para jogar na cara desse nosso povo submisso, passivo, sem sangue e pobríssimo de espírito. Como dois médicos, um alopata e outro homeopata, prescrevem a mesma profilaxia ao paciente demente de letras e de raciocínios.

Mas vê lá. Essa profilaxia da Globo se subdivide em dois meandros ziguezagueadores. Um, fala ao governo. Fala e renegocia dívidas, e quem sabe apaga juros e multas, e se preciso chama à pua. Quem duvida disso ? O outro meandro faz a alegria da “”galera”” . A decadente sociedade carioca na novela das oito, que na verdade vai ao ar as nove, e tudo é uma grande jogada para se ver o comercial do Itaú no jogo. Acho que a Vivo também está lá....Tudo bem que comércio é comércio. É da livre iniciativa. Mas burro é quem se engana com aquele “” Aqui, você tem educação”” .


A Globo perdeu-se. Não em dívidas. Essas até onde sei estão bem controladas. A Globo perdeu-se em não inovar e em insistir com estereótipos danosos, como dizem, se vê no final da tarde com a eterna noveleta “” Malhaçao”” . Pô.....mudem o nome, ao menos. Até os ginasiais estão enjoados daqueles boyzinhos, mauricinhos, patricinhas e meninos maus como contraponto do enredo. Enredo ? Quem come quem ?

A chorona é a sempre lindíssima Renata Sorrah, mas a perua impagável é a insuportável Suzana Vieira. Pelo menos os meus ouvidos não suportam mais aquela agudeza deplorável. E essa novela dos indianos ? Não vi nenhum capitulo – em que pese meu ídolo de telas, Lima Duarte estivesse lá - , mas como lá em casa todos educam-se às custas da Globo, acabei por perceber um fio daquela bobageira toda. Do primeiro ao ultimo capitulo, parece que o que se viu não foi um enredo, uma historia indiana, mesmo que no Brasil, mas uma aula didática de como ser indiano, de como conquistar um indiano ou uma indiana. E de como as castas, e blá, blá, blá... É o mesmo que você servir café da manha ao seu filho de 8 anos e dizer para ele TODOS OS DIAS, que o café não é colombiano, mas brasileiro, e que é uma bebida estimulante, descoberta não sei por quem, e que se serve acompanhada de algumas torradas e ovos fritos. E que nossos papais nos ensinaram isso.


Nem novelas a Globo sabe mais fazer. Mas que isso importa ? O importante é a manipulação, porque enquanto se entretém um povo trabalhador, ele não tem tempo de educar-se, de ler, de saber mais. Eu sei que isso, todo mundo já disse, mas eu também tenho o direito de falar.


Não vale a pena falar mais disso.


Vou ler meu Dostoievski.


Ah...esqueci. Quando você estiver didaticamente contando a historia do café da manha ao seu filho de 8 anos, uma câmera focará a marca da xícara, do queijo, e se seu filho for um mocinho dócil e bonitinho, haverá um pederasta interessado nele.



Teobaldo Mesquita

teobaldomesquita@uol.com.br