sábado, 11 de julho de 2009

Ouses mais de tua juventude, Rio Azul !

Quem te deu maturidade, pátria minha....Se tua juventude é ainda pueril, se ainda te falta o varonil, se engatinhas não atrás de mimos e justezas, mas que és pequena, por isso bela aos olhos duns, desgraçada e abandonada por outros, uma interrogação clara aos videntes, um labirinto vago para os profetas. Tua maturidade juvenil desperta paixões, emoções confusas, algo simples e deveras complexo por si só. Que coisa.

Teu pai te deu belas terras, planaltos imponentes, águas correntes, mas que perfil insolvente...De onde tiras tua identidade não sei, porque aqui não te encontro, mas daqui não saio, porque as almas em profusão dão-me de beber, mesmo que água amarga, água com sal... Não desisto de ti, de minha paixão e amor, de meu encanto, que vejo pela janela escurecida, que ouço no silencio das madrugadas, quando estou dentro de mim e livre de ti.

O que vistes e que vês em tuas terras é o fruto da indecisão, da confusão, da dúvida, da falta de amor próprio, de uma decadência silenciosa, um cancro maldito que de ti tomou conta. Busco pelos culpados que a historia registrou, de quem daqui muito tirou, e para susto e medo de velhas polacas, até soldados ladrões de galinha por aqui passaram zombando de tua postura inanimada, de tua falta de reação, de tua resignação.

Tua formosura juvenil ainda desperta sentimentos vadios, malandros, persecutórios e aproveitadores. Teus filhos, muitos, malditos são. Teus poetas e profetas escondem-se, teus artistas morrem de inanição, e o que sobra é muita exploração. Viraste um pai ingrato, viraste as costas aos filhos,....tantos por ti choraram, tantos te amaldiçoaram, muitos te abandonaram.
Não há muito que comemorar, terra farisaica. Teu pobre chão alimenta uma subsistência, que a teus filhos não sustenta, e só por deus não despenca...Só por deus !
Corro de ti quando de ti mais preciso. Porque não me dás as mãos, senão em querer de minhas mãos poder tirar. Te cuspo porque te amo, porque amor é persistir, lutar e sonhar.
Já te vi mais portentosa, mais carinhosa, mais dada. Mas como não me deste nada, e o que eu queria era tuas ruas, teu amor incondicional, ficar de alma lavada, chorei sozinho, porque nem irmãos eu tinha. Te busquei e te busco em cada esquina, olho de soslaio e desconfiado, porque não confio em ti. Te amo, no entanto. Aqui quero jazer e apodrecer. Nada tenho nas mãos para te oferecer, senão meu olhar caridoso e de pena, porque piedade é amor !!!

Não vou falar de teus pinheirais e nem de teus ervais. Se quase tudo acabou...Nem de teu cinema pomposo, quanto mais de teus trens azulados rumo ao Uruguai. Ai de ti, orgulhosa. Ai.

Ó jovem varão, qual era tua missão ?

Hoje, é vagar pelos teus paralelepípedos gelados, sonhar com os antigos, cantar um réquiem doloroso. A ti, meu padrasto malvado, bêbedo e acabado, meu respeito. Tao pequeno, pai....nao cresceste..., poucas alegrias nos deste, tenho pena de todos nós...

Deste teu filho ditoso: deixe de bobagens e vícios. Abrace-nos, ainda em tempo. Perdoamos-te tudo. Vamos buscar nossos irmãos para pedir-lhes perdão. Só assim poderemos beijar este chão...Porque é hora de valer tua juventude, de novo. Ouses de tua juventude, varão Rio Azul.


Teobaldo Mesquita
teobaldomesquita@uol.com.br

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