sábado, 22 de agosto de 2009

Amor e espiritualidade.

Amor e espiritualidade

Tema fragoroso. Tema controverso. Um tema de sempre.
Só compreendo a figura de Jesus e dos santos da igreja a partir da espiritualidade. Não me refiro aqui à seita dos espíritas, ou dos espiritualistas. Sou bem franco, acho que vida é espírito e a essência mais profunda é a alma, embora intocável. Se não, indelével, no sentido de que pulsa. Mas, autônoma, porque divina. Claro, não posso afirmar que a alma não esteja afeta aos enleios do espírito. Até porque é nossa residência, até porque penso e creio seja nossa morada junto de Deus. Mas como também penso que a alma seja inata de deus, penso ter ela uma barreira de proteção, algo que não se desprende do Criador. Nossa alma, portanto, não é só nossa, mas de deus também.

Esta, no meu ver, em meu pensar, é a única maneira de se admitir a existência de um deus bem humorado, bom e paterno. Ou materno. Há divagações antigas sobre a feminilidade de deus, de uma possibilidade que não sei avaliar agora, e que talvez nunca conclua, senão quando conhecer à deus.

Mas não quero continuar por esse caminho. Não é a intenção. Até porque logo surgirá a pergunta do por que deus nos deu massa e vida animada para habitar um planeta.

Fiquemos, portanto, no espaço do planeta, e falemos de amor. Do amor entre duas pessoas, e do amor de uma pessoa para com o mundo todo. Mas para entrar nessa seara não menos complexa, preciso lançar uma pergunta. O grande profeta Jesus, o maior de todos que a história registra, teria tido o amor completo, e a sua morte agoniosa teria sido o complemento desse amor, ou foi sua morte o fogo de purificação para aquele que se fez homem ? Não seria o sacrifício das humilhações, o arrastar de uma cruz, e por fim o golpe de uma morte lenta e vexatória uma mostra de que nossos percalços e sofrimentos são o que purifica o espírito, para que este esteja de acordo com a divindade da alma ? Ou tudo isso, se verdadeiro, seria uma grande brincadeira, uma exacerbação do amor próprio de deus.....(?)

Já inicio uma quinta linha e concluo que fugi por inteiro do que havia proposto a mim mesmo escrever. Teria Deus tomado minhas mãos por sobre este computador para escrever isso ? Não estou sendo sarcástico. Apenas estou dizendo o que sinto.

Então voltemos à vaca fria. Não permito nenhum pensamento que vá ao contrario de que para mim uma grande verdade é que o amor entre duas pessoas começa pelo amor a si mesmo. Disso, Jesus falou claramente. Muitos gostam de ouvir isso para justificar a si mesmos a podridão do acúmulo de riquezas, ao passo que continentes inteiros passam fomes, privações e pestes. Ah..., e tem as guerras também.
Não há como se desapegar de palavras justas dos profetas e de Jesus. O templo do Senhor está dentro de nós mesmos. Pois eu acredito nisso e me preocupo com essa busca, parecendo já haver encontrado-a.

Vivi uma fantástica experiência de almas, que transferiram para o espírito a responsabilidade da prática do amor. Vivi, – e aqui um hiato apenas para dizer de meu orgulho - , de conhecer um espírito leve, puro em grau mediano, e suficientemente disposto a amar. E seu deu por um bom tempo um entendimento de trocas, de respeito, de oferecimento. O canal era espiritual. Até os dias de hoje revivo em minhas meditações essa franca e tão fácil possibilidade de amar.

Cheguei no ponto. E graças....ainda não falei nenhum ” eu te amo “ ...

O ponto para mim, aprendizado de uma escola filosofal, é viabilizar os veículos proprios. Isso mesmo....como um veiculo de um medicamento. O transporte, a carga de amor, de dedicação e de oferecimento precisa de uso, persistência, pratica e higiene. Engraçado ? Riamos, então. Rir para depois chorar, e depois pensar. O estado passivo de um ser em meditação, desde que em ambiente apropriado, é a oração do canto do quarto fechado.....Mais palavras de Jesus...

Aquilo que falo não é coisa fácil, embora explicado pareça como descascar uma banana. Antes de mais nada é preciso disposição anímica, é preciso querer.
Recapitulemos, então. Alma. Essência de Deus. Espirito, vida. Massa corporal, uma pequena e frágil maquete. Se a maioria das maquetes vaga – e vagam – ao sabor das aventuras e desventuras, é necessário que elas tenham uma espécie de marco zero. São as igrejas, as seitas, os movimentos. Embora os orientais, especialmente chineses, indianos e vizinhos seus tenham seus templos, não é da mesma forma que eles correm aos templos. A prática da espiritualidade deve estar em nós mesmos. E eles parecem agir assim.

Quando referi uma experiência pessoal, muitos devem ter concluído que tudo não deu em nada. Pois parece mesmo. Mas não é assim. Uma vez a disposição para o amor, a dedicação, e sim, o uso da espiritualidade, não parece e nem precisa findar. Vê-se com o tempo a necessidade de afastamentos. Aqui, é de se concentrar para não confundir as coisas. Fatores exteriores podem influir, e influem. Uma coisa não justifica a outra. Porque amor é plantio. E plantio gratuito. E quem se dispõe a plantar uma flor, planta duas, três, quantas as forças permitirem. Por isso, em amor, não há fim, não se fala em fim. O amor estabelecido, é apenas ou tudo, e em tudo, amor. Ele se basta.
O amor pessoaliza ? Sim. Quem disser que não, mente. Nossa massacrada maquete e os afetos de nosso espírito pessoalizam, e muito. Um amor pessoalizado direciona, dirige, pede, dá, exige. A sexualidade e a vida em sociedade ficam em secundaríssimo plano. Não há nenhum mal nisso, desde que o amor seja mesmo amor e não posse.

Falei tudo isso, ou só isso, para exprimir o que penso de espiritualidade e amor. Os dois fazem um casamento perfeito. Um feito para o outro. O problema, a questão, é que a maioria das pessoas não vão ter esse entendimento. E mesmo quem a tenha poderá ver-se desvirtuando a concepção no envolvimento com o mundo exterior, esse dos nossos dias. A meditação e a contemplação repetidas e praticadas à exaustão e sem fins individuais, dominadores e maléficos, é a oração que purifica o espírito. Quem a experimentar viverá dias de milagres em suas vidas. Mas há que se lembrar que o fogo da purificação existe por uma complexidade de fatores, que muitas vezes fogem de nossa compreensão. `` Viver no deserto, também será necessário`` .

A vida do espírito tem bem mais que o poder de amar. Não seria preciso dizer isso. Porque amar, é desejo de nossa maquete e de nossa alma. O espírito realiza. Viva espiritualmente para descobrir os segredos da vida !

Teobaldo Mesquita
teobaldomesquita@uol.com.br

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