quinta-feira, 3 de abril de 2008

Posturas intelectuais.












Posturas intelectuais



O versar de uma crônica não é informativo, não é jornalístico. É uma idéia pontual do escritor, narrada na 1ª. pessoa – o que dizem, é piegas – e que pode conter ficções e críticas. É um diário opiniático. Somente um conjunto de crônicas revisadas é que pode se transformar num livro.

É difícil, por exemplo, imaginar se conduzir um romance, uma história, toda escrita na 1ª. pessoa.

É desconfortável para quem está acostumado com historietas ler uma crônica. São frases emendadas em frases. Nada de parágrafos, quase nada de prosa. No entanto, é um estilo apreciável e cômodo para quem tem opinião e sabe lidar com sátiras e ironias.


Veja como lendo o que escrevi se pode abstrair um conceito tanto de postura como de impostura intelectual. Tirando os erros gramaticais, ninguém, quase ninguém está autorizado à crítica de uma crônica.


É tão diferente de uma poesia, onde se pode, por exemplo, começar nos mais variados tempos de conjugação, somando-se tudo à elementos, os mais variados.

Veja.




Vertem tantas coisas,

de tuas pedras,

de tuas paredes,

de tuas ruinhas,

agora grandes,

imponentes algumas,

alegria, nenhuma.




Ando ardiloso nesses dias, apto para Voltaire, aptíssimo para Mainardi, desejando mastigar Nelson Rodrigues.

Quero nestas poucas linhas desculpar-me com quem as lê pelos erros que tenho procurado corrigir. Hoje mesmo redesenhei a crônica entitulada

`` Hoje eu vou blogar `` .


São os eufemismos e pleonasmos, necessários às vezes, que sustentam uma idéia de escrever.

Comecei um ensaio propriamente dito de uma fantasia de romance onde o protagonista narra suas venturas em cartas dirigidas a outras pessoas. É um outro estilo que aprecio.


Vejam quantas imposturas.


Caí em desgraça de concordância ? Não. O estilo da crônica permite essas variações, preservado o império do início da mesma. Sou eu mesmo quem está aqui. Sou eu mesmo quem escreve. Isso é o que importa numa crônica.


Pareceu redundante o que falei ?

Se o foi, leitor, seu faro de sutileza é um zelo exagerado. Não ligue para as sutis redundâncias. Duro é agüentar as escandalosas.

Quer um exemplo ?


Passe em frente à nova Câmara de Vereadores de Rio Azul e veja o que está escrito lá na parede.

Câmara Municipal de Rio Azul.

E não seria de Rio Azul por acaso ?


Não bastasse terem deixado cobrir aquele chapéuzinho no topo do prédio com eternit, ainda me fazem uma dessas. Com uma fachada tão bonita, não podiam permitir uma jequice tamanha no acabamento do prédio.


Lembre-se sempre. A Câmara Municipal de Rio Azul é de Rio Azul, fica em Rio Azul.






Teobaldo Mesquita

www.teobaldomesquita.blogspot.com

www.pacotedecronicas.blogspot.com

teobaldomesquita@uol.com.br








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