sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Águas de Sao Miguel

Águas de Sao Miguel

Na segunda-feira passada caiu um caldo de água por aqui. Encheram os rios, transbordaram os córregos, a pista foi invadida e várias casas foram inundadas. Eu vivi isso de perto desde pequeno, porque morei na parte baixa da cidade. Aliás vivi por lá a maior parte de meu tempo. E quando eu era pequeno, quando menino, as coisas eram piores, o aspecto era devastador, porque as dragagens dos pequenos rios só começaram na década de 80.

Como era de se esperar logo surgiram pessoas com soluções no bolso. Todas com palpites arriscados, sem medo de errar. Eu pensei....E se fizéssemos um duto aéreo...Não, não daria certo. E seria muito caro. E se construíssemos piscinões...Daria certo, talvez. Mas ocuparia muito espaço numa cidade que vai aproveitando todas as áreas antes inertes e selvagens.

A verdade é que as coisas já foram como eu disse, bem piores. Só que progressivamente desta vez deveria ser menos pior. Se a cada dia alguém joga uma lata velha no rio e entulha seu leito, e se a cada dia alguém desmerece as matas no entorno desses córregos, obriga os governos a contratar dragas para a limpeza deles, para o alargamento deles.

Minha pobre memória registra no período soldista a ultima dragagem do rio. Minha pobríssima memória registra uma pequena enchente no final do primeiro período soldista, em ano pré eleitoral e com adversários fotografando e filmando como solução final. Pelegos. Até hoje, pelegos de sua própria corte imaginária.

Mesmo com uma chuva de mais de 100 milimetros em poucas horas, não é demais perguntar porque não se tratou com acuro uma emenda que RIO AZUL ganhou para a dragagem do rio Curtume ? A emenda se foi e ficou o entulho dentro do rio. Sujeira, né ?

Festa da Padroeira

Se São Pedro cochilar, será uma grande festa. Tudo caminha bem nos ajustes finais para uma festa que terá traços de festa cultural, de lazer e de religiosidade pela data de 12 de outubro. Todo mundo gosta de 12 de outubro. Todos os cristãos, inclusive evangélicos, porque descansam num feriado e comemoram o dia de nossos mimosos.

Sem falar da beleza e do convite do parque, fico curioso para ver a Orquestra de Violas de Pitanga, o luau de espiritualidade e o café rural, que o Andrade tanto fala com orgulho.

Se alguém se dispõe a ler o que aqui escrevo, sinta-se convidado a vir para Rio Azul com sua família e amigos para essa comemoração, que certamente vai marcar nossas vidas.

Porque pasmem. Até padre teremos.

Quem sabe eu volto semana que vem.



Teobaldo Mesquita

teobaldomesquita@uol.com.br

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Que Doce.

Que Doce !


Esse vento do norte,
tempo de sorte,
céu de brigadeiro,
mas com vento,
no intento,
do entanto.
Casamento de viúva,
casamento de espanhol,
veio aos poucos, o sol.

Já nem tudo cinzas
Tenho visto pintas
Não são tintas
Tenho corado
Ficado corado
Vejo um rosto rosado
Parece-me, foi-se o enfado

Vento alado
Do norte da sorte
Foi-se a morte
Veio um sol
Um grande sol

Que queima, que magoa
Que magia
Que fantasia
Tempo de ousadia

Quimera
Nova era
Quisera
Muito mesmo uma nova era
Pudera
Quem dera

Queimou,
Magoou
Vermelhou
Voou
Vôo raso
Vôo fato

De fato, em mim
Novo sim
Sem fim
Enfim
Prá mim

Mereço
Benfazejo
Mereço.

Mereço
Espesso
Largo
Dado
Fácil, dócil,
Doce.

Dado e amado
Nunca fácil
Sem ser dócil
Nunca fútil
Sempre útil
Sempre doce

Que doce
Sempre assim fosse
Por mim, sempre
Para sempre
Um presente

Perene
Que fosse.
Condoído, ainda
Que fosse.
Meio amargo
Que fosse.
Escarlate vivo
Que doce.
Mel doce
Na boca
Que doce.
Longe de mim
Que fosse.
Perto de mim
Melhor que fosse.
Para mim
Sonho doce.

Que fosse,
Que fosse,
Que fosse.
Em mim, de mim, para mim, comigo
Sempre...
Sempre doce !


Teobaldo Mesquita

sábado, 22 de agosto de 2009

Amor e espiritualidade.

Amor e espiritualidade

Tema fragoroso. Tema controverso. Um tema de sempre.
Só compreendo a figura de Jesus e dos santos da igreja a partir da espiritualidade. Não me refiro aqui à seita dos espíritas, ou dos espiritualistas. Sou bem franco, acho que vida é espírito e a essência mais profunda é a alma, embora intocável. Se não, indelével, no sentido de que pulsa. Mas, autônoma, porque divina. Claro, não posso afirmar que a alma não esteja afeta aos enleios do espírito. Até porque é nossa residência, até porque penso e creio seja nossa morada junto de Deus. Mas como também penso que a alma seja inata de deus, penso ter ela uma barreira de proteção, algo que não se desprende do Criador. Nossa alma, portanto, não é só nossa, mas de deus também.

Esta, no meu ver, em meu pensar, é a única maneira de se admitir a existência de um deus bem humorado, bom e paterno. Ou materno. Há divagações antigas sobre a feminilidade de deus, de uma possibilidade que não sei avaliar agora, e que talvez nunca conclua, senão quando conhecer à deus.

Mas não quero continuar por esse caminho. Não é a intenção. Até porque logo surgirá a pergunta do por que deus nos deu massa e vida animada para habitar um planeta.

Fiquemos, portanto, no espaço do planeta, e falemos de amor. Do amor entre duas pessoas, e do amor de uma pessoa para com o mundo todo. Mas para entrar nessa seara não menos complexa, preciso lançar uma pergunta. O grande profeta Jesus, o maior de todos que a história registra, teria tido o amor completo, e a sua morte agoniosa teria sido o complemento desse amor, ou foi sua morte o fogo de purificação para aquele que se fez homem ? Não seria o sacrifício das humilhações, o arrastar de uma cruz, e por fim o golpe de uma morte lenta e vexatória uma mostra de que nossos percalços e sofrimentos são o que purifica o espírito, para que este esteja de acordo com a divindade da alma ? Ou tudo isso, se verdadeiro, seria uma grande brincadeira, uma exacerbação do amor próprio de deus.....(?)

Já inicio uma quinta linha e concluo que fugi por inteiro do que havia proposto a mim mesmo escrever. Teria Deus tomado minhas mãos por sobre este computador para escrever isso ? Não estou sendo sarcástico. Apenas estou dizendo o que sinto.

Então voltemos à vaca fria. Não permito nenhum pensamento que vá ao contrario de que para mim uma grande verdade é que o amor entre duas pessoas começa pelo amor a si mesmo. Disso, Jesus falou claramente. Muitos gostam de ouvir isso para justificar a si mesmos a podridão do acúmulo de riquezas, ao passo que continentes inteiros passam fomes, privações e pestes. Ah..., e tem as guerras também.
Não há como se desapegar de palavras justas dos profetas e de Jesus. O templo do Senhor está dentro de nós mesmos. Pois eu acredito nisso e me preocupo com essa busca, parecendo já haver encontrado-a.

Vivi uma fantástica experiência de almas, que transferiram para o espírito a responsabilidade da prática do amor. Vivi, – e aqui um hiato apenas para dizer de meu orgulho - , de conhecer um espírito leve, puro em grau mediano, e suficientemente disposto a amar. E seu deu por um bom tempo um entendimento de trocas, de respeito, de oferecimento. O canal era espiritual. Até os dias de hoje revivo em minhas meditações essa franca e tão fácil possibilidade de amar.

Cheguei no ponto. E graças....ainda não falei nenhum ” eu te amo “ ...

O ponto para mim, aprendizado de uma escola filosofal, é viabilizar os veículos proprios. Isso mesmo....como um veiculo de um medicamento. O transporte, a carga de amor, de dedicação e de oferecimento precisa de uso, persistência, pratica e higiene. Engraçado ? Riamos, então. Rir para depois chorar, e depois pensar. O estado passivo de um ser em meditação, desde que em ambiente apropriado, é a oração do canto do quarto fechado.....Mais palavras de Jesus...

Aquilo que falo não é coisa fácil, embora explicado pareça como descascar uma banana. Antes de mais nada é preciso disposição anímica, é preciso querer.
Recapitulemos, então. Alma. Essência de Deus. Espirito, vida. Massa corporal, uma pequena e frágil maquete. Se a maioria das maquetes vaga – e vagam – ao sabor das aventuras e desventuras, é necessário que elas tenham uma espécie de marco zero. São as igrejas, as seitas, os movimentos. Embora os orientais, especialmente chineses, indianos e vizinhos seus tenham seus templos, não é da mesma forma que eles correm aos templos. A prática da espiritualidade deve estar em nós mesmos. E eles parecem agir assim.

Quando referi uma experiência pessoal, muitos devem ter concluído que tudo não deu em nada. Pois parece mesmo. Mas não é assim. Uma vez a disposição para o amor, a dedicação, e sim, o uso da espiritualidade, não parece e nem precisa findar. Vê-se com o tempo a necessidade de afastamentos. Aqui, é de se concentrar para não confundir as coisas. Fatores exteriores podem influir, e influem. Uma coisa não justifica a outra. Porque amor é plantio. E plantio gratuito. E quem se dispõe a plantar uma flor, planta duas, três, quantas as forças permitirem. Por isso, em amor, não há fim, não se fala em fim. O amor estabelecido, é apenas ou tudo, e em tudo, amor. Ele se basta.
O amor pessoaliza ? Sim. Quem disser que não, mente. Nossa massacrada maquete e os afetos de nosso espírito pessoalizam, e muito. Um amor pessoalizado direciona, dirige, pede, dá, exige. A sexualidade e a vida em sociedade ficam em secundaríssimo plano. Não há nenhum mal nisso, desde que o amor seja mesmo amor e não posse.

Falei tudo isso, ou só isso, para exprimir o que penso de espiritualidade e amor. Os dois fazem um casamento perfeito. Um feito para o outro. O problema, a questão, é que a maioria das pessoas não vão ter esse entendimento. E mesmo quem a tenha poderá ver-se desvirtuando a concepção no envolvimento com o mundo exterior, esse dos nossos dias. A meditação e a contemplação repetidas e praticadas à exaustão e sem fins individuais, dominadores e maléficos, é a oração que purifica o espírito. Quem a experimentar viverá dias de milagres em suas vidas. Mas há que se lembrar que o fogo da purificação existe por uma complexidade de fatores, que muitas vezes fogem de nossa compreensão. `` Viver no deserto, também será necessário`` .

A vida do espírito tem bem mais que o poder de amar. Não seria preciso dizer isso. Porque amar, é desejo de nossa maquete e de nossa alma. O espírito realiza. Viva espiritualmente para descobrir os segredos da vida !

Teobaldo Mesquita
teobaldomesquita@uol.com.br

Carta a Paullus.

Carta a Paullus


Nao me surpreendi quando este fraterno amigo referiu sua admiraçao há pouco tempo numa audiçao pública, da preocupaçao de algumas pessoas que temiam sentirem-se preteridas do uso do novo centro catequético, ainda em construçao. É bem possível entender tudo isso, e digo tudo isso porque há muito de complexo. Te falarei o mais amiúde possível do que penso dessas reaçoes, dessas verdadeiras incongruências sociais. Isso...vivemos incongruencias sociais...
Primeiro, é preciso que se diga que não temos uma identidade. Tudo virou um "poço de Bagé" . Faço essa alusão de um termo gauchesco, para me fazer entender de que o dinamismo é uma consequencia muito nova, bem mais recente, democratica até. Mas nao é aí que reside a problematica. Quando a propria igreja católica referenciava nossa identidade, e aqui lembro de um fenomeno que está ocorrendo na Rússia com conversões em massa e retorno aos cultos, a nossa vida passava por caminhos, digamos, mais seguros. Repito. As coisas mudaram numa configuraçao dificil de entender, mas o bojo do que quero dizer está de permeio a tudo isso, e remonta a tempos, que ao menos eu, lembro ainda de criança.
Somos todos, no mínimo, por assim dizer, toscos. Toscos e despreparados. E arrogantes também.
Há, de fato, uma aura sobre todos nós daqui, que paira, sei deus desde quando... Já usei tempos atrás esse termo ""aura" para designar aquilo que me parece todos nós carregamos em nossas almas e que está estampado em nossos rostos, e também em nossas atitudes. Se o caldo entornou nao sei, mas o que sei é que esse peso, muitos de nós ainda carregam. E ele custa muito. Esse peso, redundantamente nos põe a nocaute, tamanha é nossa inércia. Caminhamos como pamonhas. E nem sei o que é pamonha..., mas acho que é por aí.

Aqui, é proibido ser o que se quer ser. Porque o que vale de verdade é ter. Mas ter para si. E só. Mas há que se regredir mais para trás. Nossa miscigenaçao européia trouxe no dna o medo e a crença de fantasmas. Opressão em cima de opressão. Nossos caboclos, descendentes de bugres e negros eram "" camaradas"" - para referir um termo russo - , dos portugueses maus e bandidos. Porque quem ia campo adentro eram bandidos tirados das cadeias lusitanas. Aqui, reside o inicio dessa problematica, que resultou numa neurose, que é dificil de entender como se formou. Só pode ser aqui, porque antes tudo se resumia à selva e alguns indígenas.

Os populares, os mais antigos, especialmente, lembram de certa passagem de Joao Maria, combatente da guerra do Contestado, e que tinha fama de santo e curador, e que passando por Rio Azul passou o olhar pela terra e a amaldiçoou. Eu acredito em maldição. Pode ser que sim, pode ser que nao. Se voce acredita em maldiçao, deve saber como eu, que ela se perpetua de geraçao em geraçao, no mais abominável ato desumano e contra as regras da natureza.

Acho que estou chegando no ponto crucial. Em que pese o rigor de uma igreja casada com os governos haver dominado muitas pessoas por aqui, há um elemento antropológico que nao pode ser desconsiderado. Os coronéis. Isso...Eles comandavam a economia do Municipio, e estabeleciam regras sociais até aceitáveis, embora o relho, o chicote estivesse sempre à mostra. Quer saber o que penso disso ? Que uma sociedade precisa de um referencial. É mais ou menos como vivem as pessoas em favelas dominadas pelo trafico de drogas. Recebem proteçao e tem garantia de lazer, vida social e de outras iniciativas. Pois quando o mundo vivia nas décadas de 60 e 70, o que a França já experimentara há mais de 100 anos, aqui nós ficamos desprotegidos dessa elite, que ao ver os pinheiros se acabarem, foram embora. Pode residir aqui a questão neurótica que repercute nos dias hoje ainda.

Desamparados dessa forma, surgiu na década de 60, da qual eu faço parte, a pior geraçao naquilo que se refere às iniciativas, que hoje sao pomposamente chamadas de labor solidário. Surgiu ali a nossa caipirice, a nossa escancarada covardia, o medo que ainda hoje temos das pessoas e formou-se uma cultura individualista e até bruta. Bruta no sentido daquilo que já disse o que somos. Toscos. Enfim estávamos livres de alguns dominios e prontos para a selvageria. Voltamos naquele momento da historia à Idade da Pedra. Pois só como exemplo, lembro da imensa dificuldade de uma diretora de escola em dominar seus alunos, que mais pareciam animais famintos e selvagens. Entao, entre o tempo da palmatória e dos computadores, vivemos esse hiato desgraçado. Quer saber de uma das consequencias ? Hoje, um aluno de faculdade de medicina perde para quem há 50 anos atrás só tinha o madureza ginasial. Para um aluno de faculdade, hoje, a vírgula está mais para um simbolo paleontologico.

Os artífices dessa cultura que ainda se perpetua, também estabeleceram regras, sem chicotes e sem relhos. A de uma brutalidade ainda mais animalesca, que ofereceu e oferece ainda mais o medo. Disseminou-se uma ideia do contra o belo, contra a educaçao, contra as boas maneiras, e os velhinhos, seus pais, assustaram-se, como seus irmaozinhos passaram a imitá-los. Há um papel de fundo sexual nesse contexto, e que eu nao domino. Seria necessário um estudo mais profundo. As pessoas se isolaram e alguns grupelhos gritaram sucesso. E essa cultura é vivida até hoje. Sim. Até hoje.

Assim, quando o trem deixou de por aqui passar e o cinema entrou em fase de decadencia, até o seu fim, logo depois as sociedades do 14 de Julho e do Operário desmobilizaram-se. A tv chegou avassalando, o regime de 64 terminou, e nossos líderes, ou melhor, nossos rinocerontes saíram vitoriosos.
Que jogue em mim a primeira pedra quem nao teve medo de usar óculos escuros nas décadas de 70, 80 e 90, porque isso era uma afronta. Ninguém dizia isso, claro. Entendam. Ninguem o fazia, como muitas outras coisas eram abominadas. Por isso eu sempre repito em meus escritos. Aqui há tantos poetas e profetas trancafiados em casa. ..Porque essa maldita "aura" ainda hoje impera. Qualquer nova atitude, qualquer novidade é acompanhada de receio, medo, desconfiança, muita inveja e mal olhado. Pronto. Criei a teoria da turma dos rinocerontes. Eles sao os culpados, Paullus. Por isso, os irmaozinhos deles te perguntam....se seria sensato, mesmo sem haver contribuido em dinheiro, usar as dependencias do novo centro catequetico.

As elites que sucederam àquelas antigas, aquelas dos exploradores que prefeririam ser chamadas de extrativistas, é caótica, para dizer o menos. Não saíram à frente, nao lideraram, nada há em registro de memória que possa ser lembrado num clique de pensamento. Esta elite formada de umas poucas famílias abastadas e de outras que hoje podem até estar em alguma coluna social, apequenaram-se. Seu parco conhecimento é dividido com medo, e geralmente em barracas de pescarias. Vivem em casulos. Seus casulos certamente possuem alçapões, bunkers onde se possa esconder metais, moedas, títulos e talões de cheques. Se vivem felizes, nao sei. O que sei é que muitos nem usufruem das possibilidades que tem. E mais. No fundo também sao vítimas disso que chamo de neurose, daquele movimento rinocerontesco. Este é um(a) estigma.

Quer saber, Paullus, uma consequencia bem nítida de tudo isso ?
Já viveu uma possibilidade de acompanhar uma campanha eleitoral com grupos apartados. Estranho ? Claro que nao. Normal, normalíssimo ? Nunca. O que para os orientais é escola de aprendizado - o isolamento - , aqui é oficina de trapaças e artimanhas. Nao é de se acusar ninguém. É de chorar. É de se chorar muito. É de orar e laborar. Ora et labora. E de se ver no que dá. Tentar, ao menos. Neste aspecto, poucos grupos tem a independencia de mudar esse estado de coisas. A igrejá é um deles. Vejo em sua missão, Paullus de Indonesia, um desafio nada diferente do de Paulo de Tarso. Talvez até pior.
Só para terminar. Da missa, nao rezei nem um terço....

Daqui, de meu casulo, envio-te um fraterno abraço !



Teobaldo Mesquita
teobaldomesquita@uol.com.br

Publico ou privado....

Público ou privado, vai tudo prá privada.


Volta, FHC, volta.... Volta para criar concorrência entre as teles. Volta para privatizar o Banco do Brasil. Vende tudo. Do jeito que está, e que é como já esteve, não dá mais. Volta e vende tudo, FHC...

Fazem quatro meses que eu enviei uma mensagem eletrônica para o Dnit. Questionava alguma coisa à respeito de rodovias federais. Fazem quatro meses que aguardo a resposta. Deve estar na fila. Realmente, o Dnit deve ter muito a responder sobre rodovias federais.

Tentei, apenas tentei...Foi um contato com a Brasil Telecom. Opa, é OI...Nao deu em nada. Quase quebrei o telefone em mil pedaços. Deveria ter feito isso, afinal descarregaria minha raiva e isso só me custaria a indenização do aparelho, que não deve ser um absurdo de valor. Voces já sabem o que aconteceu. Não consegui falar com ninguém. Ou melhor, de fato falei com ninguém, pois quando alguém falou do outro lado eu perguntei se era um ser humano ou uma máquina. Fui mal atendido, e a ligação “caiu” . Eles me venceram. De novo.

Se FHC voltar, se Serra vencer, o que dá na mesma, tudo vai mudar. E nem estou falando de governo, de ideologias, de dogmas. Porque para vender o Banco do Brasil só é preciso ser pragmático. Mais nada. O gigante amarelo que se arrasta só muda com um choque. E um choque de gestão privada. Ainda falarão bem de Collor de Mello. Sentirão saudade delle.

Claro, nessa questão dessas empresas de telecomunicações o que falta é concorrência. Falo das de telefonia fixa. Porque parece que a gente tem um 21 na cabeça, mas nunca vê o 21. Não é mesmo ?
Cadê o 21 ?

Tenho uma namorada que tem um amante que é amigo de um espião de Serra. Ou seria contra-espião ? Não sei....Nunca sei se ela fala a verdade, mas me dá de bandeja algumas perolas. São os rabiscos de Serra, ou melhor, de FHC. Segundo ela, tem tinta de Bornhausen também. Nem tudo é um embuste, não pode ser. Muito do que me diz faz sentido.
Ela me falou que vão privatizar Brasilia. Que tudo lá será um grande presídio. Que já tem até comprador. Que muitos nem sairão de lá. Que um deles será batizado em homenagem a AC..., que o comprador vai ganhar uma grana “federal” , que a clientela é vasta, que quando chegarem os de agora, os lucros triplicarão, e que muitos deles poderão até plantar soja no entorno de Brasilia, e que isso acontecer, o dono dos presídios poderá instituir uma taxa extra de permanencia . Me disse também que o Congresso, da mesma forma, será privatizado. Isso. Que ao invés de pagarmos eles, eles pagariam para trabalhar. Que passariam por uma espécie de concurso publico e de provas. E que Zé do Sarney já fez uma proposta financeira para passar no concurso, mas que não garantiram nada a ele, e que tudo isso seria para ele dobrar a oferta. E que o mensalão foi a maior criação de Lulla. E que estão morrendo de inveja porque eles largaram na frente. E que vão institucionalizar o mensalao para garantir aos parlamentares o pagamento da taxa mensal de congressista, e que triplicarão as verbas publicitárias à Globo. Mas que quem não se enquadrar no mensalao, ainda existirá o mensalinho. E que cada beneficiário do Bolsa Familia receberá um cartão corporativo com o brasão da republica e com uma foto de FHC no verso, independente de quem seja o presimente, digo, presidente. Me disse ela ainda que vão negociar muito com Lulla, que exigirão que ele se filie no DEM, mas que a carteirinha dele será das antigas, das do PFL, com um carimbo “Arena” , e que a filiação será transmitida pela Globo ao vivo, com muita pompa, como o casamento de Lady Di, e que após isso, ele será nomeado embaixador na Inglaterra, mas que o avião desviará a rota e descerá na Nicaragua onde será recebido à principio por rajadas de metralhadoras por invasão do espaço aéreo, e que por isso contrataram um kamikase, mas que tudo acabará bem, porque afinal aquele teria pago uma polpuda taxa ao partido, e etc, etc, etc. E ainda. Que após um período incerto, mesmo com o conhecimento do novo governo, Lulla havia entrado no Brasil pela fronteira seca com o Uruguay e que vivia numa praia catarinense, respaldado por uma ex-senadora. Que havia homenageado Brizola ao entrar no Brasil fardado de policial, e que estaria disposto a dizer na primeira entrevista quando fosse perguntado por uma repórter, de que havia chegado ao Brasil vestido com as calcinhas dela. E que ele e a ex-senadora faziam planos para o futuro do Mercosul. Que sua historia e da de Brizola criariam as verdadeiras condições de prosperar o Mercosul e as relações do Brasil com os países vizinhos. E que eles sonhavam em criar uma espécie de caminho de Compostela, e que depois disso com as dificuldades de voltar pelo voto, eles se refugiariam no mais completo anonimato, e que isso aumentaria o mistério, o que faria crescer muito o turismo nas fronteiras do Brasil, inundado por uma aura mística entre eles, o negrinho do pastoreio, o saci pererê e os negros escravos expulsos da Argentina, e que tudo isso renderia uma grana “federal”...

A verdade, senhores, é que minha namorada mente muito. Mas também é verdade que estou delirando nesse momento com 39 graus de febre e que a dose de psicotrópicos que tomei ontem foi cavalar.

No fundo, ressinto-me de não ter notícias de Rufião, meu idiota preferido.

Mas nessa ( é nessa, sim ) noite gelada em que escrevo, como tem sido todas as outras dos últimos sessenta dias, e sempre com chuva, como parece nunca vi, preciso dizer uma coisa que vai aqui no peito. Me encontrei várias vezes na semana com um homem. Eu o vi em cruzamentos, em esquinas, permeando as ruas. Nos cruzamos várias vezes, o que me chamou a atenção, como nunca em tão pouco tempo eu vi uma pessoa numa mesma semana. Sempre andando apressado, embora com passadas curtas, este cidadão de uns 1,60m me choca. Extremamente tímido e parecendo ter medo, com um ar de quem precisa confessar alguma coisa, vai de olhos ao chão. Me vendo, e assustado, esboça um sorriso achacado ante meu cumprimento. Seu caminhar é disciplinado, de quem vai a um lugar certo, embora não seja grave. Caminha parecendo não querer aparecer, como se estivesse incomodando as pessoas. Mas o que chamou a minha atenção foi seu olhar. O olhar desse homem, de uns 60 anos, é um enigma, como já vi em retratos do cristo pregado na cruz.

Eis com quanto disso e daquilo foi a minha semana passada.


Teobaldo Mesquita
teobaldomesquita@uol.com.br

terça-feira, 14 de julho de 2009

Os anjos em Minha Vida.

























Os Anjos em minha vida.



Uns anjos vieram semear vida em minha vida, trazer questões,
instigar-me às loucuras e às aspirações, pôr-me em querelas.

Um muito Bom Espirito, aliviado, e de uma Alma candente,inspirou-me às
anotações, para também vivê-las nesse transurso :

Assim,

O primeiro Anjo vinha do Leste, de onde nasce o Sol.
Seu nome era Amor e sua marca, a Verdade.
Personificada por uma Mulher de Beleza incomensurável e exuberante,
trazia na mão direita a inscrição: tu me amarás sempre e somente à mim .
Na outra mão uma outra inscrição: gosto da justiça e da lealdade em tudo.

E o Anjo chegou no alvorecer de minhas idades, plantou grandiosa paixão e assim, nasceu um coração.
E do coração nasceu o mais resplandecente Amor, do qual nunca se falará porque é terrível, grandioso, por isso inacessível aos comuns.

O Anjo chorou ao plantar suas palavras de sonhos, falou de pluralidades e que estava por ser entendida, compreendida...
Depois chorei eu, alheado, morrendo em mim...

E despedimo-nos em profundo sentimento.
E o Anjo ainda revelou-me na partida :
que teríamos tido os descendentes mais lindos da Terra.

O segundo anjo vinha do Sudoeste.
Seu nome era Sinceridade e sua marca, Busca da Felicidade.
Falei-lhe do 1º anjo, despertei ressentimentos.
Tinha a silhueta do primeiro mas não o era.
Tinha a ânsia do enlace, fugi.
Era grandiosa em suas intenções, valer-me-ia de muito.
Pedi-lhe reconsideração. Não o fiz no tempo justo, foi-se.
Pouco acrescentou à minha existência.

O terceiro anjo vinha do Oeste.
Seu nome, Ingenuidade, sua marca, Simplicidade.
Falei-lhe do 1º Anjo. Semeei inveja.
Vale-me nos dias atuais uma dôr que transpassa o coração e a alma, dôr de valiosa piedade, que se põe em oração.
De pouco valor sentimental não deixou marcas nem lembranças, senão de ressentimentos e faltas.

O quarto anjo vinha do Norte.
Seu nome, Mulher Moderna, sua marca, Serenidade.
Falei-lhe do 1º Anjo, ouvi desdém, depois vi indiferença.
Foi uma paixão natural, crescente porém.
Amiga das horas vagas, compreensível, simples e desapegada das mundices.
Tornamo-nos cúmplices nos erros, patéticos e desafiadores da boa sorte.




O quinto anjo vinha de vários quadrantes.
Seu nome, Prática de Vida, sua marca, Indiferença aos sensíveis e pobres de espírito.
Falei-lhe do 1º Anjo. Plantei ódio.
Nascida na simplicidade tinha objetivos do progresso material, tirados se preciso da excrescência, do lado pérfido, das características inábeis, sutis, pegajosas e de pouquíssimo valor que pode possuir um humano.
Pouco há para falar desse anjo.
Plantou confusão e fincou tentáculos para uma simbiose neurótica.


O Sexto anjo, o último, veio do Noroeste.
Seu nome, Imprudência, sua marca, Insensatez.
Não deu as mãos, não as mostra, porque nelas nada tem.
Discípula dos maus Espiritos, teve a pretensão de representar o 1º Anjo.
Mostrou logo seu cheiro de latrina, seu hálito de enxofre e sua prepotência deselengante, marca própria dos ignorantes.
Lançou cheiros ao ar e sementes num terreno fértil chamado mentira.
Colherá desgraça, e sua vida será de tropeços e nunca terá a validade de uma existência sublime.
Nascida também na simplicidade, vale-se do pouco que para muitos seria fortuna. Jamais se deixará conhecer pelos muitos, buscará aparências, caminho que leva ao vale da loucura, dos desvarios, da morte eterna.
Trouxe-me a amaldiçoada marca do numero 6, da Besta.
Não à toa é o Sexto anjo.


Esse muito Bom Espirito, aliviado e de uma Alma candente disse-me que, entre o
Alfa e o Ômega, tempo sem tempo, chega-me o sétimo anjo. Este, definitivo.




Autoria: Teobaldo Mesquita












sábado, 11 de julho de 2009

Ouses mais de tua juventude, Rio Azul !

Quem te deu maturidade, pátria minha....Se tua juventude é ainda pueril, se ainda te falta o varonil, se engatinhas não atrás de mimos e justezas, mas que és pequena, por isso bela aos olhos duns, desgraçada e abandonada por outros, uma interrogação clara aos videntes, um labirinto vago para os profetas. Tua maturidade juvenil desperta paixões, emoções confusas, algo simples e deveras complexo por si só. Que coisa.

Teu pai te deu belas terras, planaltos imponentes, águas correntes, mas que perfil insolvente...De onde tiras tua identidade não sei, porque aqui não te encontro, mas daqui não saio, porque as almas em profusão dão-me de beber, mesmo que água amarga, água com sal... Não desisto de ti, de minha paixão e amor, de meu encanto, que vejo pela janela escurecida, que ouço no silencio das madrugadas, quando estou dentro de mim e livre de ti.

O que vistes e que vês em tuas terras é o fruto da indecisão, da confusão, da dúvida, da falta de amor próprio, de uma decadência silenciosa, um cancro maldito que de ti tomou conta. Busco pelos culpados que a historia registrou, de quem daqui muito tirou, e para susto e medo de velhas polacas, até soldados ladrões de galinha por aqui passaram zombando de tua postura inanimada, de tua falta de reação, de tua resignação.

Tua formosura juvenil ainda desperta sentimentos vadios, malandros, persecutórios e aproveitadores. Teus filhos, muitos, malditos são. Teus poetas e profetas escondem-se, teus artistas morrem de inanição, e o que sobra é muita exploração. Viraste um pai ingrato, viraste as costas aos filhos,....tantos por ti choraram, tantos te amaldiçoaram, muitos te abandonaram.
Não há muito que comemorar, terra farisaica. Teu pobre chão alimenta uma subsistência, que a teus filhos não sustenta, e só por deus não despenca...Só por deus !
Corro de ti quando de ti mais preciso. Porque não me dás as mãos, senão em querer de minhas mãos poder tirar. Te cuspo porque te amo, porque amor é persistir, lutar e sonhar.
Já te vi mais portentosa, mais carinhosa, mais dada. Mas como não me deste nada, e o que eu queria era tuas ruas, teu amor incondicional, ficar de alma lavada, chorei sozinho, porque nem irmãos eu tinha. Te busquei e te busco em cada esquina, olho de soslaio e desconfiado, porque não confio em ti. Te amo, no entanto. Aqui quero jazer e apodrecer. Nada tenho nas mãos para te oferecer, senão meu olhar caridoso e de pena, porque piedade é amor !!!

Não vou falar de teus pinheirais e nem de teus ervais. Se quase tudo acabou...Nem de teu cinema pomposo, quanto mais de teus trens azulados rumo ao Uruguai. Ai de ti, orgulhosa. Ai.

Ó jovem varão, qual era tua missão ?

Hoje, é vagar pelos teus paralelepípedos gelados, sonhar com os antigos, cantar um réquiem doloroso. A ti, meu padrasto malvado, bêbedo e acabado, meu respeito. Tao pequeno, pai....nao cresceste..., poucas alegrias nos deste, tenho pena de todos nós...

Deste teu filho ditoso: deixe de bobagens e vícios. Abrace-nos, ainda em tempo. Perdoamos-te tudo. Vamos buscar nossos irmãos para pedir-lhes perdão. Só assim poderemos beijar este chão...Porque é hora de valer tua juventude, de novo. Ouses de tua juventude, varão Rio Azul.


Teobaldo Mesquita
teobaldomesquita@uol.com.br

O arlequim mentiroso.

O aniversário do arlequim mentiroso

Andei às voltas nos dias que antecederam meu último último aniversário. É que uso um site de relacionamentos e resolvi aderir a uma modalidade de anunciar eventos e convidar amigos. Como além de cético em muitas coisas me acho muito azarado, imaginei que aquela coisa não fosse funcionar comigo. E funcionou. E eu comecei a ficar preocupado.

E foi assim que as coisas se deram em mim, foi assim que imaginei como tudo deveria ser de verdade. Veja :
Costumo fingir que comemoro meu aniversário com os parentes. É assim todo ano. E seduzo todos eles. Eu os pego pelo mais baixo nível de sentimentalismo. De que estou ficando velho, que tanta coisa há por fazer, que essa vida é ingrata, que as coisas não se resolvem, etc, etc.
Além dessa minha tática funcionar, porque todos me enchem de carinho e presentes interessantes, trato-os como trata Fomá, de Dostoievski, aos seus. Crio armadilhas para chamar a atenção e olho com severidade para alguns, de forma que nada me escape e que eu tenha naquele dia uma noite tranqüila, de um deleite de guerreiro vencedor. E é assim que acontece. Rio sozinho no fim. Que maldade.

Agora me vejo cheio de pudor e preocupações. Preciso personificar alguém e criar fatos novos para suportar meu aniversário. Detesto essa cronologia progressiva, que muitos vêm como o caminho sem volta para a morte, quando eu, tenho tanto a fazer. Paradoxo é comemorar o caminho para a morte. Sou pelo fim dos aniversários.
Como fico cada dia mais moço e orgulhoso disso, invisto mais e mais na penteadeira de minha mulher atrás de cremes. Da horta de minha mãe, a babosa. Logo serei um metrossexual.
Vê lá. Eu falei metrossexual.

Além desses atributos eu pratico meditação. Mas nenhuma das ensinadas pela tal Ana Maria Braga ( é isso, né ? ). É uma técnica milenar egípcia, nada retirado de almanaques. Ah...Adotei o hedonismo também. Para quem acha que o hedonismo é coisa de gente rica, enganam-se. Sou pobre que dá dó. Sou um hedonista-vagabundo. Só porque contei bilhões de dólares é que fiquei com nojo de dinheiro. Não acreditam ? Fiquem com seu ceticismo. Contei, sim, bilhões de dólares.

Não pensem que todo hedonista precisa de dinheiro, que precisa ser milionário. Até porque esses não são hedonistas na integralidade pelo desassossego de ganhar e guardar dinheiro. Eu não. Para mim, até sexo é prazer. Estão me achando louco ? Não....Vocês não entenderam. Pratico o sexo ``em sendo`` um hedonista. Tiro prazer de tudo. Inclusive de olhar ``coisas`` pela minha janela. Principalmente de rir de certas pessoas.
Mas....o aniversário! É disso que preciso me ocupar agora. Sei que sou um cara estranho e que tem medo de pessoas. Mais ainda se imaginar que no meio de pessoas estejam meus credores. Ou pior, inimigos disfarçados. Ou ainda uma amazona balzaquiana de colar havaiano querendo começar tudo de novo.
Decidi que quero todos aqui, ao meu lado. Sirvo um pão com quibe e compro algumas latas de cerveja e fingimos que está tudo bem. Suspeito até, lá no fundo, que alguém declamará poesias para mim...Suspeito também que todos, ao invés de me darem presentes, farão uma doação em dinheiro.
Nada de balõezinhos no teto.
Uma cítara tocando... Jazz... Música de piano...
Ainda não sei...
Tratá-los-ei como diplomatas de outros países.
Ou melhor. Calo-me para ouvir o que todos dizem.
De repente até saio. Antes, porém, sirvo bebidas para ninguém perceber minha retirada.
Ficam com as cervejas e o quibe, e eu vou atrás de mim.
Meia-hora depois, um pouco mais, talvez, eu chego de volta. Já será tempo de notarem minha falta.
Em eu chegando, todos se levantam.
De repente reconheço algumas pessoas e desconheço outras.
Vem-me alguém de muita idade, um velho homem, e me diz:

-Abriram seus presentes...
-O que está acontecendo, pergunto.
-Deram-te tijolos embrulhados.
-Por quê ?
-Todos entregaram dinheiro à tua menina.
-Por que, uma vez mais pergunto.
-Não sei. Ninguém demonstrou piedade por ti. Estão assustados, no
entanto.
Como num pesadelo, observo a todos. Mulheres, uns poucos homens e algumas crianças. Um senhor meditabundo, altivo, porém, olha rindo para o chão. Medita o riso.

As crianças que não se assustam mais com o pateta aniversariante voltam às rodas e correrias. As mulheres não ousam me encarar. Enquanto umas dispersam o olhar pela casa, outras dissimulam conversas ordeiras e críticas.
Levanto-me calmamente e dirijo-me à porta. Olho para a rua inundada por um céu escuro de nuvens. Um réstia de sol no horizonte ainda há. Uma réstia muito pequena e inútil.

Tentando recobrar-me, dou-me com uma criança, uma menina esguia e com um rosto de luz.

-Vai sair de novo ?
-Vou ao portão.
-Ainda espera alguém ?
-Não.
-Por que vai ao portão, pergunta-me a menina.
-Não sei...É preciso que o portão fique aberto...


Nunca acreditem em mim. Sou um arlequim de mentira. Um arlequim que mente muito.
Abracem-me. Preciso disso.


Teobaldo Mesquita







Eu nao sou um barnabé.



Eu não sou um barnabé.


É um risco ser funcionário público. É um risco ser chamado de barnabé. Etimologicamente falando, ou melhor, correndo atrás do significado desse termo um tanto pejorativo, chegaremos à sua origem hebraica e que nos dá a tradução de `` o filho da consolação ``. Eis, então, o que tão bem se encaixa. Eis o que os desolados tanto procuram. Não todos. Boa parte, porém.

Faço parte da malha dos desolados que infringiram a si mesmos e às regras da lógica na busca visionária do empreendedorismo bem sucedido. Isso, na verdade, não existe. Que sirva de lição para qualquer um. As chances são bem menores que ganhar na mega-sena.

Depois de viver mais de uma década entre um curso de faculdade e o esmero e a dedicação que me exigiam o patrão, optei pela segunda. Veio logo depois, o limbo, aquela espécie de mini-paraíso. O limbo das estradas, dos hotéis, das esquinas, coisas que só os caixeiros-viajantes sabem o que significa. Adotei o hedonismo, comecei coleções de vinhos, conheci Makar e Varienka, de Dostoievski, e de repente....muito de repente, lembrei-me de mim mesmo. Lembrei-me da grande mentira de ser grande e um pouco auto-suficiente. Fui para o ``listismo``.

A corporação para a qual trabalhei, como se dono dela fosse, já não existe mais, porque tudo também era uma grande mentira. As verdades daquilo estão nas gavetas e nos patíbulos. Patíbulo, aqui, para mim, também é queima de arquivo (sic...)

Alistado no exercito do Solda, o que é um desafio para poucos, fui reconhecendo algumas coisas das quais já sabia. Que o general é durão, e que não só administra como gerencia e comanda. As coisas foram caminhando por si. Bem ao meu gosto. Nomeado tenente-financeiro, preterido do galpão de munições artísticas e culturais, vi-me de novo ao lado de outra grande mentira, que é o dinheiro. Este, vem e vai. É sempre assim. É um roteiro determinado. Mas na Brigada do Solda, que chegará ao generalato de Divisão, difere-se o vem e vai do vil metal se comparado a coronéis molóides e que já vestiram o pijama. Logo, logo, chega um novo tanque com grande potencial de tiros, uma nova escola para soldadinhos, vários ônibus de transporte de tropas e um sem número de conquistas. Impossível listá-las.

Ah, sim... O barnabé.... O barnabé caminha com passos de pato gordo. Há não muito tempo atrás, costumavam fumar para quebrar a monotonia do dia-a-dia, discutir futebol de todas as modalidades, inclusive a de botões, e seu happy hour...bem, seu happy hour..., deixa prá lá...
Na era Pré-Collor de Mello, como era o caso de alguns bancários residentes de pequenas cidades, só ficavam abaixo do Prefeito e do Juiz. A estirpe tem características genéricas de acordo com as regiões, mas os típicos e que eram alvo de gozação da imprensa, estavam em São Paulo e eram nordestinos ou filhos de nordestinos e apadrinhados dos Zé´s da vida.

Os barnabés modernos usam blazer´s leves, ou mesmo ternos de linho adquiridos em lojas de departamento de judeus milionários. Geralmente copiam hábitos de aspones de marechais. Profissionalizaram-se na repartição de tarefas e culpam a burocracia que ficou complexa.
Ô Leitão..., levanta Leitão !
Mas há uma geração renovada, da qual muito se espera, mas convém não sonhar. Usam lap-tops, tem formação acadêmica, boas relações e detestam carimbos. São proeminentes e exercem uma liderança discreta, da qual parecem não fazer questão. Da mesma geração, há os espertos, que logo pensam no estreitamento de laços com os primeiros. Ao passo que detestam carimbos, envencilham-se com pastas e armários, culpa que não é deles.
A velha guarda é romântica. Não poderia ser diferente. Os assuntos de corredor, local mais fácil de encontrá-los, é além do futebol, as aposentadorias, os tratamentos médicos, bulas de remédios, e volta e meia com o barulho de botas de algum sub-tenente, expressam dureza na fisionomia, nos olhos, mas são heróis na experiência, porque conservam numa situação dessas uma frieza de cirurgião.
Já eu, quero medalhas. Sou da geração Y. Preciso de medalhas no peito. Se subirei a capitão, não sei. Mas mereço medalhas. Quero bem a todos e à corporação. Por um só motivo. Me preocupo com tudo. Como dantes, como foi há 25 anos atrás. Acredito no lema, traço planos de guerra, faço vistas à tropa de longe, sonho com acontecimentos, acredito em nossa força, empilho centenas de cartas e palestras. Os próceres do comandante, inteligentes por isso, já viram tudo de mim.
E-u n-ã-o s-o-u u-m b-a-r-n-a-b-é.


Teobaldo Mesquita
teobaldomesquita@uol.com.br



O choro




O choro


Alguém viu Mandela chorar. Na cadeia ou fora dela, o que dava no mesmo. Alguém viu a desonrada Mukhtar Mai chorar. Aqueles que riram e tripudiaram dela.
Eu não gosto de ver pessoas chorarem. Porque só se enxerga a vida com os olhos e alma chorosos.

Quando meu filho tinha apenas 4 anos, eu lhe falava frente à frente do mundo, da vida, das diferenças sociais, do nosso lugar à sombra que chegaria um dia, e dos mendigos que dormiam nas ruas das grandes cidades. Incidentalmente, não muito tempo depois, levei-o pela mão a passear pelas ruas do centro de Curitiba numa manhã gelada de um mês de junho. Silencioso, ele me deu com o cotovelo direito, apontando com o dedo para um homem coberto de jornais. Choramos os dois. Foi o maior silêncio da minha vida. Eu e ele havíamos entendido boa parte das questões humanas, e foi assim um dos acontecimentos mais importantes para mim. Fôra o choro mais condoído que eu já havia chorado. Caminhamos, depois disso, vários passos sem dizer uma só palavra.Eu e ele olhávamos para o chão, abatidos e pensativos, como se o mundo sofresse um blecaute naqueles instantes. Ali eu havia cumprido boa parte de minha função de pai. Ali eu via ao meu lado que também caminhava um homem, e que sua sensibilidade era fruto de nossa franqueza e de nossas longas conversas.

De tanto insistir que a vida é uma grande mentira, concluo que o silêncio é o choro mais ruidoso de nossas almas. Não há choro comparável com o dos silenciosos, cabisbaixos ou olhando ao céu e ao léu. Esse encontro detestável com nós mesmos, paradoxalmente é o paraíso em que vivemos um dia, ou que num dia pensamos existir e nele viver. E ele, esse paraíso, nunca está conosco.

A brutalidade do homem é uma coisa nojenta. Essa nossa brutalidade, nossa...maximamente nossa, coloca-nos ao chão. Não há o que fazer dela, se deus nada dela faz nos desesperos, verdadeiros desesperos que nossos olhos não veem e nossos ouvidos não ouvem.

Se queres fazer parte do mundo dos loucos, reflita um pouco sobre isso. Se trouxeres uma idéia teológica, resolva primeiro a questão de um simples homem que seja, sentado numa pedra, numa esquina, com o bolso vazio, a alma amargurada, a mente anuviada, e as esperanças perdidas. Que há de culpa no choro de uma jovem prostituta pretensamente arrependida, mas imersa na contumácia de uma doença e que só é mais latente que as nossas doenças, e se é que isso tudo é de verdade alguma doença....




Se desprezas o choro dos fracos, é porque nunca viste um dos grandes chorar. Jesus chorou, Ghandi chorou, e multidões de seus seguidores – para que fiquemos com esses dois apenas - , choraram e choram ainda. Porque vêem o mundo e a excrescência dele.

O que não é o choro senão a porta da verdade. E é. A verdade da fome, do abandono, da injustiça, da traição, da perseguição. Só quem vê a verdade chora. A mentira, é pois, incrivelmente, a salvação.

O que engana o que (?) Há um deus e um diabo a nosso favor, e a nosso desfavor ao mesmo tempo (?) Afora um deus e um diabo, é claro que vivemos uma escravidão, chamada de sociedade civilizada. No pequeno universo de nossas vidas, isso se dá no cúmulo das simbioses neuróticas. Casamentos, amizades, sociedades, pactos, e aí por diante.

Para muitos, chorar não é fácil. Mas choram. Choram suas derrotas, seus balancetes, suas falências, suas guerrinhas perdidas. Pode ser um choro verdadeiro, mas não é um choro sensível. Choram e arrependem-se envergonhados do choro. Choram para vingar-se. Choram para construir novas guerras. É o choro da inocuidade, da insolência, das verdades restritas e injustificáveis.

Chorar do irmão, chorar pelo irmão é o extrato mais puro da piedade, que chama-se amor. Já pensei ser o amor um enorme diagrama, que contempla inclusive o ódio, que também é amor. Não às avessas, mas mantido em segredo.

Quero voltar a esse delicioso tema.
Voltarei ferino em querer desancar uma teoria corrente de que piedade não é amor. Piedade, é amor, sim !


Espetinhos e espetadinhas
-Finalmente uma boa notícia. Xuxa estreou 2009 com queda de mais de
30% na audiência.

-Vi o Rufião neste final de semana. De longe. Está de plantão no feriadão.

-Osmar Dias está com tudo. Beto Richa também. A diferença é que eu acho
que o Beto está com medo.





Teobaldo Mesquita
http://www.pacotedecronicas.blogspot.com

O vazio da oposiçoes


O vazio das oposições



Há um vácuo, um vazio, um penhasco que divide a posição do Solda para com quem queira ser-lhe o contraponto. Vejam que estou sendo modesto, condescendente, permissível em toda a largueza. Não há oposição para o atual governo. Morreram nanicos alguns capciosos.

O velho mdb de guerra, como costumam chamá-lo alguns saudosistas, por aqui ficou tão velho que capenga de caciques, índios e pajés de lá de cima. Que dêem bênçãos, que gracejem nomes e patrocinem o mínimo de sobrevida. Acabou também. Ninguém é louco em apostas arriscadas. Sem jóquei, e mal das patas, o antes cavalo alado é agora um pangaré velho e rengo. E para se ter uma idéia, quem hoje banca alguma possibilidade para o partido da ``raiva``, é o Solda. Não que o Solda faça pactos com os da ``raiva`` , porque sou eu quem os chama assim, porque assim os conheço e porque o próprio Jarbas Vasconcelos também anda de saco cheio deles. E se ele, Jarbas, fala de corrupção, pode ser que as coisas não batam bem, porque no fundo preciso reconhecer que todo partido oxigena-se com o tempo.

Mas voltemos à aldeia. É consenso admirável entre a população de que o Solda é o melhor administrador que Rio Azul já viu. Certo. Em parte, certo. Eu, completo afirmando que é o melhor político. Talvez até da região. A catilinária dele é astuta, (sic...) que apavora adversários, que cativa antigos antipatizantes. É o tal que tem luz própria. E tem.

O quadro de hoje, e que se afirmará tenuemente em 2010, de forma quase imperceptível - porque mudanças serão pouco notadas - , em nada arranha ou arranhará a liderança do Solda e a solidez de seu grupo. Alguns `` namoricos `` de campanha até poderão acontecer (sic...) .

As apostas do lado de lá estão em alta. Estão bancando tudo. Quando abrirem a banca que trata, ou melhor, joga com o futuro do Solda, aposto 1.000 contra 1. Os odiosos miram a pessoa do atual prefeito, esquecendo-se do grupo. O grupo está para o Solda, como o Solda está para o grupo.

Cartas na mesa. A oposição está jogando. Um movimento mui interessantíssimo. Movimentos comatosos, parecem, na verdade.Não são espontâneos, de quem joga com malícia e inteligência. Será sutileza ou um movimento leve, rastejante ( sic...) O silêncio, às vezes, revela trapaça da boa, ardileza, e nesse caso, um cansaço natural de tanto bater e não levar. Mas algo de curiosíssimo está acontecendo. É de verdadeiramente rir. Eles, entre si, precisavam de uma limpeza, e parece ao meu faro que isso aconteceu. Vem então, uma sensação de vazio, de silêncio sepulcral. Mas não é bem assim. Está havendo um barulho ruidoso, estranho, estridente, irritante. Eles gostam disso. Mas, espera aí...não sei se vocês entenderam o que eu disse... Estou falando dos da espreita, da espera e da sondagem, dos sobreviventes.
Entre esses, uns esperam muito, outros torcem pela viuvez. A velha guarda, de pijamas, foi-se. Adieu.

Então vejamos. Eles colocaram duas peças no tabuleiro, ou duas pedras na roleta. Na verdade ninguém colocou porque elas já estavam lá. O vudu é espetado todo dia, e o cerimonial agora carece de tempo. Mas, os tambores estão a todo batuque.

Na velha história do povo judeu em fuga do Egito, Deus fez colocar uma mesma nuvem, que era escura na retaguarda dos judeus, e clara à sua frente. Eles – não estou querendo ser pejorativo com esse `` eles`` - , tentam criar uma miragem de uma densa nuvem, e falam disso para todo o mundo, de que ela está entre eles e o Solda, e entre o povo e o Solda. O Solda à direita deles, mas eles dizem não, não..., o Solda à nossa esquerda. Eles teimam como o faraó perseguidor teimava. E olham para a nuvem... Entenderam ? Não entenderam ?

Então, vejam. Os da sondagem, da espera da boa demanda são o 2 ( dois ) da roleta. Preto 2....vai aí....tttllllééééqqqqqqrrrrrrrrr....

( Você já viu uma roleta ? )
Então deixa eu repetir:
Preto 2....vai aí........, os cavalheiros apostaram alto....!
Quem falou, foi o crupiê.

Eu, aposto, como todo mundo, no preto 17.

Como o jogo está chato, e o assunto também, eis que....

-Noite minha gente ! - fala alto um senhor de capote amarrotado que acabou de chegar.

-Ah, ah, ah, ah, é o Rufião, pessoal. - ri da histrionia do que chegou, um grupo no canto.

Ninguém ali imaginava que Rufião acabara de chegar de um jogo de roleta. De roleta russa.



( Se a paciência me ajudar, termino semana que vem. Ou, na outra )




Teobaldo Mesquita
http://www.pacotedecronicas.blogspot.com

domingo, 12 de abril de 2009

Ping-Pong

Ping-pong


Um bolo de cem velinhas

Um anoitecer diferente em 3 de abril de 2009. Um amanhecer especial em 4 de abril de 2009. Um raio de luz vermelha, como num diagrama, ascendeu-se em Porto Alegre para todo o mundo. 100 anos de vida. A maioridade completa para quem já conquistou tudo. O Sport Club Internacional, fundado em 1909 pela família Poppe, para abrigar a diversidade racial numa cidade habitada por alemães, judeus, negros e portugueses, iniciou uma trajetória de muitas vitórias e conquistas.

Porquanto seja o momento de somente alegrias e comemorações, a história presente registra que o Inter é o único Clube Brasileiro que já conquistou todas as competições possíveis. Por isso é chamado de o `` Campeão de Tudo `` . Brasileiro Tri-Invicto, Copa do Brasil, Libertadores, Mundial de Clubes, Recopa Sul-Americana e Copa Sul-Americana.
Se o 4 de abril foi da festa do Centenário, o 6 de abril foi de 40 anos do Beira-Rio. E é onde se vai jogar parte da Copa do Mundo de 2014. É o que afirmam a CBF e a Fifa. Mas houve um fato inédito entre o 4 e o 6 de abril. O imponderável. O que não foi resultado da tabela do campeonato, mas sim do regulamento. Um Gre-Nal no dia 5. E um Gre-Nal é sempre um jogo de risco. Mas o dia seguinte ao Centenário, e véspera do aniversário do estádio, reservou mais uma alegria nesses tempos de muita felicidade à torcida rubra. Com 2 gols, e de virada, o Inter, de novo, bateu seu maior rival.

Singelamente, abraço a família Colorada de todo o mundo. Ruidosamente em meu peito arde a brasa de um amor por toda essa complexidade de simbiose que une as pessoas através do futebol. Os olhos do coração percorrem escadarias de vestiários e arquibancadas. Ouvindo tantos depoimentos emocionantes de uma grande família, vários flashes mostrados pelos olhos da mente me trazem o trêmulo de uma grande bandeira vermelha e branca, e passando ao largo desse mar de recordações, os chutes de Valdomiro, os gols de Dario e Flavio, as arrancadas de Batista e Caçapava, a elegante técnica de Batista e Falcão. Depois, vieram tantos. Impossível lembrar de todos. Impossível esquecer o Príncipe Jajá, Nilson, o matador, e de agora, com Libertadores e Mundial no peito, de Sóbis, Pato, Fernandão, Tinga.
O Inter é muito grande ! Papai é o maior !
`` Segue a tua senda de vitórias, Colorado das glórias, Orgulho do Brasil ! ``

Dois recadinhos

O corredor, amigo, é passagem ou passarela. Ou você desfila uma moda, ou tua moda é malandra. Como fico com a segunda, estou pronto para a tua abordagem.
Minha senhora. Teu mundo é negro como o de muitos. Teu rostinho de penitente virou para mim o de uma bruxa. Vire-se com suas necessidades.

A Páscoa é Judaica

Mais uma das apropriações da Igreja Católica foi a festa da Páscoa. Realizada no mês de Nissan, quando se dá o início da primavera no hemisfério norte, o que praticamente coincide com nosso início de outono, ela comemora a libertação do povo judeu da escravidão egípcia. A Pessah, portanto, é genuinamente judaica, como as religiões cristãs, são no meu ponto de vista, judaicas em muito.

Fechei um dos olhos para enxergar melhor. Atenuo dizendo que penso não existir o ateísmo. Embora a propalação. Impossível não ter medo de tudo isso, tão grandioso e tão misterioso. Para os criacionistas fica minha mensagem de que é sempre bom rever tudo. Como já disse, com um dos olhos fechados pretendo ver mais e melhor.



Teobaldo Mesquita
http://www.pacotedecronicas.blogspot.com


quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

A fé não costuma falhar.

A fé não costuma falhar



2009 chegou para a maioria dos RioAzulenses como um parto a fórceps. Cravaram um grande alicate em nosso crânio sem dó nem piedade. Sobrevivemos sem o socorro do cirurgião. Sobrevivemos por nossa luta e gana, porque somos valentes, e um pouco...., só um pouco teimosos. Foi por isso, pela teima, que lembrei da época em que ainda via televisão e associei a uma passagem que não esqueço do ator Lima Duarte que explicava porque seu personagem Sassá Mutema, assim se chamava. Ele dizia – e muitos lembrarão, que era pela teima, pela teima, teima, teima, tema, tema....e por isso, chamo-me Sassá Mutema, disse, -porque vivi de muita teima.

Rio Azul, de fato, respira novos ares nesses primeiros dias de 2009. O Solda foi conquistando tantas vitórias, que aqui está, Prefeito de fato. E por que não dizer também, de direito. E o povo em geral está numa alegria, como se todos acertassem ao mesmo tempo na sorte grande.

Depois de festejar com seus eleitores no dia 3 de janeiro, e já Prefeito empossado, eu que havia convivido colado nele na pré-campanha e na campanha eleitoral, fui preterido pelo acaso mais lógico do mundo. As prioridades. Jamais pretenderia elencá-las. Seria uma loucura, tantas que são.

Mas eu observo o Solda, não só como meu superior como também meu amigo particular. Aquele homem sanguíno de mais de 10 anos atrás diz ter mudado, mas ninguém muda totalmente. E ele sabe que precisa de seu próprio estilo, porque é o que molda sua marca. Poucos fazem de seu proprio temperamento um referencial para o dia-a-dia, para reagir diante de desafios. Ele, o faz com maestria. Ele, como um hábil jogador de futebol, dribla até a si mesmo, fugindo sempre das faltas.

É tão fácil falar do Solda. É bom esse instigar de quem o pretende. A trajetória desse taura daria um livro. Falo com a probidade da alma, desenho-o em letras porque ele se desnuda em transparência. Às vezes ele fecha-se, como que num casulo, como uma criança que prepara suas artes, mas quase sempre ele apresenta suas surpresas. E tantas vezes vi que nada daquilo o surpreendeu, que era uma brincadeira, que ele ficou dando voltas nas pessoas e nos fatos da vida, para somente distrair-se. E se alguém ri com ele, vai ver a recíproca de um autêntico italiano, que rindo também, puxa dum bolso, – como o mágico tira pombas da cartola - , uma listinha de seus feitos e resultados, o que vai aumentar o seu riso, para o desconserto do acompanhante que antes ria junto.

Quero fechar aqui. É difícil intervalar um tema tão prazenteiro. Se eu me fixar, por exemplo, em seu par de sapatos bege, do qual parece gostar tanto, precisaria de mais linhas para mostrar que nele, e para ele, tudo tem um significado. Eu não duvido dessas coisas.

A fé, muitas vezes, e para muitas pessoas, é um exercício de repetição, de teima, de muita teima. Foi ocasional a escolha desse tema `` A fé não costuma falhar ``. Deve, certamente ter vindo lá do meu inconsciente aquela música do ex-Ministro, num ritmo bem baiano. Para quem como eu, não gosta nem do ex-Ministro nem de suas músicas, fiquemos somente com as palavras.

O Solda, que tem em casa um oráculo de sua Santa de Aparecida, transformou-se incidentalmente, da parte dele e da parte dos que o procuravam, um oráculo de afirmação de fé. E esse conjunto, esse coletivo, nem tanto místico assim, produziu resultados no barulho da alegria e no silêncio dos que conduziam uma contenda vencida, velha, amarrotada, para dizer o menos.

Então por que não acreditar na fé, que com muita teima, não costuma falhar.




Teobaldo Mesquita
teobaldomesquita@uol.com.br