sábado, 28 de agosto de 2010

Pastas de dente e livros.

Pastas de dentes e livros

Convidam-me para escrever no jornal RioAzulense. Fico orgulhoso e ansiado ao ponto de misturam-se os assuntos e as possibilidades de desenvolver uma crônica. Seja ela clássica ou estilizada, tira isso de mim o centro, mas espero que não, o bom senso. Se bem que as prefira, as coisas de pouco senso, que aludem ao mistério da vida e essa dinâmica do enfrentamento dos dias.

Nós demos um salto, passando de um período pretérito, com suas questiúnculas – coisa bem pontual, bem nossa - , para a era, a nossa, só nossa e incomparável era midiática. Lembro que há cinco anos atrás eu inaugurei um blogue, mas nada se compara ao retumbo de uma emissora de rádio, e agora de um jornal. Espraiam-se idéias, ou pequenos ideais... O que é que há afinal...?

Os românticos, que também ainda acreditam no amor de um homem e uma mulher, e sem mais variações, dormem o sono dos justos – e é assim que pensam... - , lembrando do velho telégrafo, e logo depois do megafone, que só era mega porque zunia pelo barulho das cordas vocais dos falantes de ambos os lados.

Agora que temos uma rádio, bom grado me é saber que ao som dela, os `` baixinhos`` de 1 a 1,70 m, só poderão ver a imagem de Xuxa Meneghuel e de Ana Maria Braga. E olha...., nem sei se essa Xuxa ainda existe, e se ainda tem idade para `` fazer `` televisão. Um olho na tevê, outro na panela, e ouvidos no rádio...e isso, enquanto o olhar da tevê não dividir espaço com o tablóide estirado na tábua de passar roupa.

É hora de leitura. O homem também faz-se pelas letras e pelo eruditismo. Que rufem os tambores para a chegada de nosso tablóide, bem com a nossa cara, com o nosso nome e tudo. Jornal RioAzulense.

A maioria das pessoas em Rio Azul deve conhecer alguém que anunciava, ou até mesmo prenunciava a morte de alguém. Elas existem e sempre foram muito efetivas, e até mais que o sino da igreja que dobra com o choro do pesar da morte alheia. Pois se teremos de agora em diante o obituário aqui, na rádio a informação é instantânea, competição direta com as mães da morte. São as mudanças, são as transformações, que nunca chegam tarde !? E nem estou falando dos celulares e dos computadores, da internet, das comunidades virtuais....

Enredo pelo assunto, que no início me pareceu chato a mim mesmo, mas questiono também a mim, e a ti, caro leitor, se suportaremos a invasão midiática, se até agora muitos de nós enchemos os bolsos do filho da tribo de Davi, Silvio Santos ? E do seu topa-tudo, e da linguagem subliminar, que nem mais é, que nem mais existe, da Tv Globo ? Salve a globalização da informação que nos livrou daquele insuspeito plim-plim.

Não estou mudando de assunto, mas de 2001 a 2009, nossa frota de veículos aumentou em 100%. Pode ? Claro, afinal aumentou nosso poder de compra e nossa possibilidade de endividamento. Calças de blue claro, de blue escuro, pulseiras, perfumes (?), automóveis, motocicletas, big mac”s caipiras, carteiras de couro da China, sapatênis bregas, óculos ridículos, muito chicle na boca e na mesma proporção de cáries, não faltou dinheiro para um colutório ou uma boa pasta dentes, faltou ? Se faltou, tá mal....

Olha....( interjeição )...Tudo está ficando em seu lugar. Parece, ao menos. Tudo está aí, tão disponível, que é até difícil de acreditar. Mas, se parecer difícil adquirir um colutório, uma pasta de dentes, e um livro, desistam da sobriedade do Clayton Burgath e da pachorra positivista, alegre, fantasiosa e divertida do Sassá Oliveira. Quanto mais de ler o que escrevo aqui.

Durmam sempre bem e bastante. E de dentes escovados, após ler ao menos 20 ou 30 páginas de um bom livro. Afirmo que, mesmo com as contrariedades do vosso dia-a-dia, esse tão pouco, somado ao bom que se adquire passivamente, poderemos com isso construir uma nação ! Isso mesmo. Com pastas de dentes e livros conquistaremos o mundo.

Por fim, lembro de uma frase-jargão criada pela Abert na década de 80: Brasileiro não vive sem rádio !

E por fim mesmo, digo mais: leia e divulgue o Jornal Rioazulense. Desfralde-o por sobre as mesas de bares, sacos de dormir e pelos estreitos selins das motocicletas.

Teobaldo Mesquita

teobaldomesquita@uol.com.br

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