Trajeto Temporal V
Cansado e enfadado
Acordei de lado
De olhar embaraçado
Nesse chão gelado
De folhas, espinhos e folhas
Na cova da mão ao peito uma embolha
Na alma, de vez, uma bolha
Numa escuridão cinzenta
Nesse purgatório lento
Sopra um vento
Um vento sem intento
E eu no alento
Sedento do alento
De cruzes e cruzes
É a vida
Para mim, minha vida
De cisão
De também grave decisão
Se não grave, pequena morridão
Quando junto, junto, chega uma canção
Belíssima canção
Coração
Aurora sonora
Quieta e profunda.
Nasceu-me
O sol
A vida
O amor
Leve rubor
Grave vigor
Pensei, libertador
Houve festa no cosmo
Houve uma declamação
E houve um juramento
Cheio de fundamento
Que no final virou lamento
Disse-me, então:
Lamento te amar
Exigem-me novo ar
Querem-me ao alto voar
Nunca mais voltar
Com eles vou ficar
Para eles irei voltar
Sinto o que querem
Vou procurar...
Não poderei amar
Adeus, amar
Adeus, amor
E o que sobrou....
Sofreguidão num portão
Indecisão
De morte uma solidão
Sofreguidão de ilusão
Lapidação da alma
Pedras ao coração
Inesquecível beijo
Condoído adeus
Promessas para sempre
Como se tudo estivesse à frente
Mormente
A pequeneza humana
A indignação
A forte decisão
Inenarrável
Inarredável
Cheia de amor
De um lindo pendor
Orgulho dum condor...
Mormente isso,
(...)
Tudo morreu...
Nada sepultado
Fantasmas alados
Almas irmãs
Sempre um novo adeus
E nada sepultado
Onde tudo morreu
Essa brusquidão de agora nada mal me faz
Vivo estou e apenas parte d´alma jaz
Preciso ver o que o outro lado me traz...
Agora
Assaz
Teobaldo Mesquita
Nenhum comentário:
Postar um comentário