quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Trajeto Temporal V

Trajeto Temporal V



Cansado e enfadado

Acordei de lado

De olhar embaraçado

Nesse chão gelado

De folhas, espinhos e folhas

Na cova da mão ao peito uma embolha

Na alma, de vez, uma bolha


Numa escuridão cinzenta

Nesse purgatório lento

Sopra um vento

Um vento sem intento

E eu no alento

Sedento do alento

De cruzes e cruzes


É a vida

Para mim, minha vida

De cisão

De também grave decisão

Se não grave, pequena morridão

Quando junto, junto, chega uma canção


Belíssima canção

Coração

Aurora sonora

Quieta e profunda.

Nasceu-me

O sol

A vida

O amor

Leve rubor

Grave vigor

Pensei, libertador


Houve festa no cosmo

Houve uma declamação

E houve um juramento

Cheio de fundamento

Que no final virou lamento


Disse-me, então:

Lamento te amar

Exigem-me novo ar

Querem-me ao alto voar

Nunca mais voltar

Com eles vou ficar

Para eles irei voltar

Sinto o que querem

Vou procurar...

Não poderei amar

Adeus, amar

Adeus, amor


E o que sobrou....

Sofreguidão num portão

Indecisão

De morte uma solidão

Sofreguidão de ilusão

Lapidação da alma

Pedras ao coração

Inesquecível beijo

Condoído adeus

Promessas para sempre

Como se tudo estivesse à frente


Mormente

A pequeneza humana

A indignação

A forte decisão

Inenarrável

Inarredável

Cheia de amor

De um lindo pendor

Orgulho dum condor...


Mormente isso,


(...)

Tudo morreu...

Nada sepultado

Fantasmas alados

Almas irmãs

Sempre um novo adeus

E nada sepultado

Onde tudo morreu


Essa brusquidão de agora nada mal me faz

Vivo estou e apenas parte d´alma jaz


Preciso ver o que o outro lado me traz...

Agora

Assaz



Teobaldo Mesquita

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