quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Trajeto Temporal IV

Trajeto Temporal IV



Por escolha de criaturas

Belas esculturas

Doces e venenosas

Nem todas puras

Mas de doçura

Redundo ao dizer

Quanto houve candura


Trôpego e cego de um olho

Não sei o que escolho

Regalia de cão magro

Embora mal grado


O sol não existe mais

Disseram-se, foi-se

Marca dum destino

Meu chão de folhas

É o que tenho

Não passo de uma trolha

Solidão foi a escolha


Grito no desespero

Ouço vozes agudas

Uma cabeluda muda

Duas cabeludas mudas

Estendo-me, quero ajuda


Crianças fogem dum fogo

Que vida, que lodo

Que sonho tão real

Pergunto-me, é mal

Mais, parece-me fatal

Colossal, muito colossal


Rio e choro

Choro e rio

As crianças fugiram

A mão dum anjo em mim

Provocação de um fim

Ou um festim

Da musa cabeluda

Da louca cabeluda muda.


Foi um sonho que continuou

Na clausura o ingresso

Da loucura o egresso

A datilografia

Primeiro beijo

Visagens pueris

O fenol

O desespero

O despreparo

O choque

O não

O vai-se

Semente de ódio

Deu no ópio

Deu no olho

Doeu

Senti

Prometi

Vingança prometi

Contra ti,


Linguarudo

Contra ti.

Vem cá, diabo desgraçado.......

Vem cá......


Vem cá, porque acordei

Agora em tudo pensarei

Acordado

Açodado

Trêmulo

Apressado


Sinto-me cansado......



Teobaldo Mesquita

Nenhum comentário: