Trajeto Temporal IV
Por escolha de criaturas
Belas esculturas
Doces e venenosas
Nem todas puras
Mas de doçura
Redundo ao dizer
Quanto houve candura
Trôpego e cego de um olho
Não sei o que escolho
Regalia de cão magro
Embora mal grado
O sol não existe mais
Disseram-se, foi-se
Marca dum destino
Meu chão de folhas
É o que tenho
Não passo de uma trolha
Solidão foi a escolha
Grito no desespero
Ouço vozes agudas
Uma cabeluda muda
Duas cabeludas mudas
Estendo-me, quero ajuda
Crianças fogem dum fogo
Que vida, que lodo
Que sonho tão real
Pergunto-me, é mal
Mais, parece-me fatal
Colossal, muito colossal
Rio e choro
Choro e rio
As crianças fugiram
A mão dum anjo em mim
Provocação de um fim
Ou um festim
Da musa cabeluda
Da louca cabeluda muda.
Foi um sonho que continuou
Na clausura o ingresso
Da loucura o egresso
A datilografia
Primeiro beijo
Visagens pueris
O fenol
O desespero
O despreparo
O choque
O não
O vai-se
Semente de ódio
Deu no ópio
Deu no olho
Doeu
Senti
Prometi
Vingança prometi
Contra ti,
Linguarudo
Contra ti.
Vem cá, diabo desgraçado.......
Vem cá......
Vem cá, porque acordei
Agora em tudo pensarei
Acordado
Açodado
Trêmulo
Apressado
Sinto-me cansado......
Teobaldo Mesquita
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