sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Trajeto Temporal VI

Abro um canto de louvor

Conto o fim em dor

Adeus, ( minha ) condor

Adeus, amor.....

Adeus


Vivendo agora em seu altiplano

Corri eu de novo a ver

Era novo plano

Mas vi um coração de pano


Voa, (minha) condor, voa


Não te culpo

Eu me culpo

Não mais te esculpo

Vivo a culpa


Do indelével

Da cruz dada a alguém

Do choro íntimo

Em mim ínfimo

Leve, fugaz, leviano

Mas fui soberano


Coroado e amado

Maltratado

Doente e mal fadado

Distribuindo luzes

Oferecendo cruzes

Matando

Em ofensas

Esmaguei em prensas

Amores e cores

Pactuei com o diabo

Dei dor

Um horror

Não há como a mim, pecador


Sonhei

Voltei em devaneios

Tudo sem freios

Submeti-te ao diabo

Tua resposta humana

Profana

Devassa

Desencantadora

Para mim, uma carraspana

Para ti, tudo de tua doença e tua gana


De nós, muita valentia

De nós, muita covardia


Que escuridão, Deus

Que me farão...


Como a mim olharão

Se o que tenho não é meu

Se onde estou

Para morrer...

Sim,

A mim não olharão

Morte sem fim

Quero da morte seu jardim

Assim

Ruim ou festim

A morte sem fim


Deixei os anjos

Os anjos me deixaram

Por tudo, todos acabaram

Antes, porém me enredaram

Destino este me deram

Vêem, não ficam

Vão sem ir

É a maldição

Do coração a contrafação

De propósito

Para deixar-me ao chão

Nada pior que essa maldição


De um ciclo

Formado um círculo

De tempo, razão e loucura

Provei a doçura

E bem logo a amargura

Porque sempre

Um a um

Competindo com armaduras

De mim exigiram fartura

Quando farto da ventura

Implorei descanso numa procura

De ar

De amar o ar

De sofrer e amar

De sofrer e resignar

Enfim, tudo isso validar


E sentenciei-me

Feito de um Fausto, um Fomá Fomitch

Buscando agora meu Makar

Trajetos longos

Ditongos

Para o espírito


Fiquei só num nó

Que dó

Pobre homem

Pobre a fome

Julgado

Foi o passado

Socratiano

Meu

De amar, amar e amar

Meu

De conceder espaços

Meu

De ver o homem deus

Meu

De pequenas guerras, glórias

Meu

De inglórias


E meu agora

Para mim

Para mim somente

Dolente

Caminhante

Nas mãos sementes

Mãos dormentes....


Levanto-me

Eis-me algo como uma réstia a surgir....



Teobaldo Mesquita

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