sábado, 7 de agosto de 2010

Trajeto Temporal III

Trajeto temporal III

Amanheceu uma escuridão

Tateei algo com a mão

Tentei a outra mão

Em vão

De um lado vigiava um furacão

De outro um leão


O leão era da nação

Fiz santa oração

Pelo rei da nação

Não ouvi nada

Nem sim, nem não


Aprazou meu coração

Escrever e ler por João

Muito mais por Abrãao

Embora João seja da nação

E toda uma porção

Na verdade grande fração

Que um dia cantará única canção


Revolução de hormônios

Homônimos sentimentos

Meus e dos revoltados

Que choram pelos acabados

Junto-me, enfim, aos desgraçados


Na labuta burocrática, que luta

Foi-se minha santa puta

Nosso amor era uma disputa

Acabou-me foi a conduta

Daquela puta da luta

Que eu amava, me punha à escuta


Tempos atrás, bebedeiras

Choradeiras

Correrias

Nunca ladrava

Mas como cão andava

Andarilho dum maldito amor

Parecia cheio de fragor


E era

Ficou pelo tempo a dor


Neste tempo o lamento

Trajeto lento

De um agora avarento

Feito um lazarento

Chorando a dor do momento

É o evento do tempo

Tempo de comer

De um pouco viver

Só para mim

Para mim só


Será, aprendi a viver (?)

Aulas de cozer

Pouco para comer

Caligrafia, livros, livres, pensamentos

Pensamentos livres

Incógnitas, injurias

Uma fúria

A vida

Outra não há

Por hora é a vida.


Tive uma Joselandia

Tive uma cidade

Era a tenra idade

Longe da mocidade

Mas era um sonho de verdade


Foi uma pachorra

Aquele tempo de pachorra

Pequena masmorra

Igreja, escola

Valor da esmola

Valor da estola


Deus ainda era Deus

Aos pais, adeus

Fui saber de Zeus

Para teclar um piano

Zunir um clarinete


De falsete

Nada, nada

Apareceu a fada


Pela fada, uma paixão

Era amor, tesao

Mas fora da alusão

Dos clérigos

Inquisidores

Sem méritos

Detratores

Malditos, malditos !


Conjurei, pejorei

Auto de fé

Poe na estrada o pé

É muito pouca fé

“Serias um frei Zé “

Ao que eu disse, Mané

Porco auto de fé

Nenhum ato de fé


Raimundo, Clodovir, Danilo, Teobaldo

Muitos seguiram seu rescaldo

Pequeno foi o saldo

Professor,

Empresário

Viado

Barnabé

Bendito auto de fé !


( breve apêndice para o Trajeto espiritual )


...ela usava polouver de botões

Já nos falávamos aos borbotões

E ao diabo com os botões

Quando minhas mãos.....

Bem...

Minhas mãos invadiram o nu das costas

Invisível nu

Espaldar nu

Corpo colado no corpo

Alma na alma

Espírito no espírito


Amor sacrossanto

Beijo de canto

Dá-me a boca...

Beijo inteiro.....

Cheiro de sexo

Desci às nádegas


Assim foi nossa despedida.....


Onde estou ?


Ahhh...ainda estou fugindo......


Reviro-me

Não vejo-me

Que frio

Lembro bem, ladinos

Lembro bem, assassinos

Toca um sino....


Não é o inferno

É uma lagoa

Que frio

É um rio

Vivo por um fio

Com esses pensamentos ressecados

Neste chão de folhas molhadas.



Teobaldo Mesquita


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