Trajeto temporal III
Amanheceu uma escuridão
Tateei algo com a mão
Tentei a outra mão
Em vão
De um lado vigiava um furacão
De outro um leão
O leão era da nação
Fiz santa oração
Pelo rei da nação
Não ouvi nada
Nem sim, nem não
Aprazou meu coração
Escrever e ler por João
Muito mais por Abrãao
Embora João seja da nação
E toda uma porção
Na verdade grande fração
Que um dia cantará única canção
Revolução de hormônios
Homônimos sentimentos
Meus e dos revoltados
Que choram pelos acabados
Junto-me, enfim, aos desgraçados
Na labuta burocrática, que luta
Foi-se minha santa puta
Nosso amor era uma disputa
Acabou-me foi a conduta
Daquela puta da luta
Que eu amava, me punha à escuta
Tempos atrás, bebedeiras
Choradeiras
Correrias
Nunca ladrava
Mas como cão andava
Andarilho dum maldito amor
Parecia cheio de fragor
E era
Ficou pelo tempo a dor
Neste tempo o lamento
Trajeto lento
De um agora avarento
Feito um lazarento
Chorando a dor do momento
É o evento do tempo
Tempo de comer
De um pouco viver
Só para mim
Para mim só
Será, aprendi a viver (?)
Aulas de cozer
Pouco para comer
Caligrafia, livros, livres, pensamentos
Pensamentos livres
Incógnitas, injurias
Uma fúria
A vida
Outra não há
Por hora é a vida.
Tive uma Joselandia
Tive uma cidade
Era a tenra idade
Longe da mocidade
Mas era um sonho de verdade
Foi uma pachorra
Aquele tempo de pachorra
Pequena masmorra
Igreja, escola
Valor da esmola
Valor da estola
Deus ainda era Deus
Aos pais, adeus
Fui saber de Zeus
Para teclar um piano
Zunir um clarinete
De falsete
Nada, nada
Apareceu a fada
Pela fada, uma paixão
Era amor, tesao
Mas fora da alusão
Dos clérigos
Inquisidores
Sem méritos
Detratores
Malditos, malditos !
Conjurei, pejorei
Auto de fé
Poe na estrada o pé
É muito pouca fé
“Serias um frei Zé “
Ao que eu disse, Mané
Porco auto de fé
Nenhum ato de fé
Raimundo, Clodovir, Danilo, Teobaldo
Muitos seguiram seu rescaldo
Pequeno foi o saldo
Professor,
Empresário
Viado
Barnabé
Bendito auto de fé !
( breve apêndice para o Trajeto espiritual )
...ela usava polouver de botões
Já nos falávamos aos borbotões
E ao diabo com os botões
Quando minhas mãos.....
Bem...
Minhas mãos invadiram o nu das costas
Invisível nu
Espaldar nu
Corpo colado no corpo
Alma na alma
Espírito no espírito
Amor sacrossanto
Beijo de canto
Dá-me a boca...
Beijo inteiro.....
Cheiro de sexo
Desci às nádegas
Assim foi nossa despedida.....
Onde estou ?
Ahhh...ainda estou fugindo......
Reviro-me
Não vejo-me
Que frio
Lembro bem, ladinos
Lembro bem, assassinos
Toca um sino....
Não é o inferno
É uma lagoa
Que frio
É um rio
Vivo por um fio
Com esses pensamentos ressecados
Neste chão de folhas molhadas.
Teobaldo Mesquita
Nenhum comentário:
Postar um comentário